Quatro empresas brasileiras acabam de ser aprovadas em um dos vestibulares mais difíceis do mundo. Embraer, Itaú, Unibanco e Cemig enfrentaram 2.500 empresas globais, escolhidas entre a nata corporativa do mundo pela agência Dow Jones. Todas responderam de 100 a 300 perguntas, dependendo do setor em que atuam. Somente 310 ?vestibulandas? conseguiram notas suficientes para colocá-las no nível superior. Com o resultado, elas ganharam acesso a investidores exigentes que só aplicam em empresas que apresentem uma política (e uma prática) responsável para o meio ambiente ? além, é claro, do básico: finanças em ordem, respeito ao acionista, boa relação com funcionários e comunidade. Agora podem ostentar o selo do Dow Jones Sustaintability Index, indicador das empresas mais capazes de gerar desenvolvimento sustentável. Para você, investidor, colocar dinheiro nessas companhias não é só uma questão de ética, mas também de retorno da aplicação. Segundo a Dow Jones, elas dão resultados mais consistentes ao longo do tempo. Ou seja, além de politicamente corretas elas são rentáveis.

Isso explica, por exemplo, por que o fundo de pensão dos professores da Califórnia, o maior dos EUA, é acionista da Cemig, a geradora de energia elétrica de Minas Gerais que aparece pela terceira vez na lista. O dos professores do Texas também, assim como o dos funcionários da ONU e do servidores públicos do Estado de Washington. ?Até um grupo das viúvas escocesas acredita em nossa empresa?, diz o superintendente de relações com investidores, Luís Fernando Rolla. ?São fundos que só investem em empresas limpas. A conseqüência é uma valorização maior da companhia.? Para chegar lá, a empresa tem de explicar, por exemplo, a derrubada de árvores provocada pela instalação de linhas de transmissão.

 

A Embraer também já é freqüentadora da lista, mas este ano deu um salto: ficou em primeiro entre as líderes do setor aeroespacial, superando a Boeing e Rolls Royce. Sua arqui-rival Bombardier, do Canadá, sequer conseguiu ficar no grupo dos escolhidos. Seu avanço é resultado de duas certificações obtidas neste ano, o ISO 14001, de política ambiental, e o Hosas 18001, de relações de trabalho. ?Isso reforça nossa posição como empresa global?, comemora a gerente de relações com investidores, Ana Cecília Bettencourt. A empresa já gozava desse privilégio por seu desempenho nos negócios: nas corretoras e nos bancos, os analistas que fazem recomendações de compra de suas ações são os especializados no setor, não em Brasil.

O Itaú comemora também sua terceira indicação seguida. A inclusão no índice é vista como uma vitória na política do banco de valorizar seus acionistas. ?O índice dá maior visibilidade para o banco. Ele atrai investidores comprometidos com aspectos sociais e cria valor para o acionista?, diz Sílvio de Carvalho, diretor do banco. Setores com imagem abalada sequer entram na análise. É o caso de empresas que fabricam armas, bebidas alcoólicas e tabaco.