O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) se manifestou nas redes sociais na manhã desta terça-feira, 17, após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) no caso da “Abin Paralela”, por espionagem de opositores durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo?”, ironizou o filho “02” do ex-presidente.

“Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, escreveu vereador no X (antigo Twitter).

Bolsonaro pretende lançar Carlos ao Senado por Santa Catarina, onde venceu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mantém um dos governadores aliados.

Na manhã desta terça, a PF concluiu o inquérito sobre o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal de opositores. Além de Carlos Bolsonaro, seu pai, Jair Bolsonaro, e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, também foram indiciados.

A investigação também respingou na atual gestão. Constam na lista de indiciados o atual diretor-geral da Abin, o delegado federal Luiz Fernando Corrêa, nomeado pelo presidente Lula, e o número dois da agência, Alessandro Moretti.

Nome de confiança do PT, Corrêa já havia chefiado a Polícia Federal no segundo mandato de Lula, entre 2007 e 2001. A PF aponta que houve “conluio” entre a atual gestão da Abin e a direção anterior para evitar que monitoramentos ilegais viessem a público.

Segundo o inquérito, a Abin foi aparelhada por um esquema de espionagem ilegal para atender a interesses políticos e pessoais de Bolsonaro e integrantes de sua família.

Em outubro de 2023, foi deflagrada pela PF a Operação Última Milha. O nome da operação faz referência ao software “espião” FirstMile. Segundo a investigação, o programa foi utilizado 60 mil vezes pela Abin entre 2019 e 2023, com um pico de acessos em 2020, ano de eleições municipais.

Em janeiro de 2024, os endereços de Alexandre Ramagem foram alvos de busca e apreensão na Operação Vigilância Aproximada.

Bolsonaro e Ramagem são réus no STF pela tentativa de um golpe de Estado após as eleições de 2022.Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), a Abin foi aparelhada durante a gestão do ex-diretor-geral para a produção de dossiês caluniosos ao sistema eletrônico de votação.

Desde as investigações, o caso é conhecido como “Abin paralela”. A Abin é um órgão destinado à produção de informações estratégicas ao Palácio do Planalto.

A PF identificou o uso do aparato paralelo para atividades do “gabinete do ódio”, revelado pelo Estadão em 2019. O grupo, coordenado por Carlos Bolsonaro, especializou-se em difamar reputações de inimigos políticos de Jair Bolsonaro e disseminar informações falsas nas redes sociais.

Segundo a PF, entre os monitorados de forma ilegal, estão os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador de São Paulo João Doria, e os deputados federais Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Maia (União Brasil-RJ), ex-presidentes da Câmara.