17/05/2006 - 7:00
A educação é a chave para a porta de entrada no mercado de trabalho. Quanto mais especializado é o profissional, mais chances ele tem de ocupar um emprego de destaque e de receber um salário maior. A pesquisa ?O Retorno da Educação no Mercado de Trabalho?, elaborada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas e coordenada pelo professor Marcelo Neri, prova essa tese. Ali, na frieza dos números, observa-se que o aprendizado nas universidades é refletido, sim, na remuneração. Pegue-se, por exemplo, um homem entre 30 e 34 anos de idade com formação em administração de empresas. A renda média desse profissional é de R$ 1.963 e a probabilidade dele conseguir emprego é de 93,46%. Se esta mesma pessoa possuir pós-graduação, o salário sobe para R$ 3.848 e a chance de estar ocupado salta para 95,96%. São indicadores que chamaram a atenção de grandes bancos como o Real e o Bradesco para um grande filão de mercado: o financiamento para cursos de especialização, pós-graduação e MBA. Na semana passada, foi a vez da Caixa Econômica Federal aderir a esse produto. ?Pretendemos disponibilizar recursos para todos os profissionais formados?, diz Francisco Egidio Pelucio, vice-presidente de crédito da Caixa. ?Se tivermos R$ 1 bilhão, vamos emprestar tudo?, diz ele.
O esforço da Caixa em garantir o dinheiro para os profissionais graduados é explicado pelo número de pessoas formadas no Brasil. Dados do último Censo de 2002, apontam 5,5 milhões e, a cada ano, 500 mil pessoas saem das universidades. Há, portanto, muito mercado. ?O nosso País precisa crescer?, diz Pelucio. ?Para isso é necessário que a população esteja qualificada?. O empréstimo da Caixa é de R$ 30 mil, financiado em até 36 meses e com uma taxa de 2,35% ao mês. Mas esse dinheiro, ressalve-se, pode sair mais barato. Isso porque, a Caixa pretende fazer convênios com as universidades. Deste modo, o curso seria pago a vista pela instituição financeira e a faculdade não teria o risco da inadimplência. ?Há universidades que podem dar até 20% de desconto?, diz Pelucio. Ou seja, um curso que custa R$ 30 mil pode sair por R$ 24 mil reduzindo, assim, o valor das prestações de R$ 1.244 por mês para R$ 995.
O Banco Real, no mercado com esse produto há três anos, empresta R$ 40 mil, opera com a taxa de 2,35% ao mês e parcela em até 36 meses. ?A vantagem é que o cliente pode parcelar por um tempo maior do que o curso?, diz Linda Murasawa, superintendente de produtos sócio-ambientais do Real. O Bradesco, por sua vez, financia R$ 20 mil, por um período de até 24 meses e a taxa é de 3,42%. ?Mas se a universidade conveniada der desconto, pode cair para 1,9% ao mês?, diz Alexandre Glüher, diretor do Bradesco. Vale o esforço para quem pretende dar um salto na carreira. ?A formação acadêmica pesa muito na seleção?, diz William Bull, consultor de Human Capital da consultoria Mercer.
R$ 30 mil é o valor emprestado a uma taxa mensal de 2,35% em 36 vezes