Nunca antes se viu, reunida, tanta exuberância sobre rodas. São apenas trinta automóveis, expostos nos elegantes salões do Petersen Museum, em Los Angeles. As marcas, reluzentes sobre os capôs, são as tradicionalmente associadas a prestígio e exclusividade na indústria automobilística. O que se vê lá, entretanto, é muito mais do que simples Ferraris, Mercedes-Benz, Duesenbergs, Jaguars, Bugattis, Rolls Royces ou Talbots. Cada biela, pistão, virabrequim apresentado na mais seleta mostra de carros de todos os tempos tem uma nobre história para contar ? e cobra um alto preço por isso. Como o próprio nome diz, a exposição Million-Dollar Cars, em cartaz até janeiro próximo, traz apenas raridades cotadas a sete dígitos, em moeda corrente na terra de Henry Ford.

 

Ao todo, as relíquias valem quase US$ 150 milhões ? US$ 5 milhões, em média, por automóvel. ?São os carros que qualquer um já sonhou em ter um dia?, afirma Dick Messer, diretor do museu. Até mesmo o antigo xá da Pérsia. Em 1939, o governo da França lhe ofereceu, como presente, um Bugatti 57C Cabriolet. Homem de gostos refinados, Reza Pahlevi aceitou de bom grado e ainda requisitou que alguns mecanismos fossem modificados, transformando o carro em uma peça única. Depois da queda de sua dinastia, nos anos 70, a jóia automobilística permaneceu desaparecida no Oriente por mais de 20 anos. Descoberta, tornou-se uma obsessão para os colecionadores e pode ser vista agora em Los Angeles. Seu preço? Inestimável. ?Só dá para saber o valor de um carro desses em um leilão?, diz o brasileiro Og Pozzoli, um dos maiores especialistas em carros antigos do mundo.

 

Outro modelo recheado de história é o Jaguar XKSS, de 1956, produzido sob encomenda para o ator Steve McQueen, um notório aficionado por velocidade. Apenas 16 exemplares saíram, na época, da linha de montagem da montadora inglesa. Um único resta ? o que pertenceu ao próprio ator e está exposto no Petersen Museum. Já para o deleite dos amantes da Ferrari, a mostra apresenta um dos últimos exemplares existentes (de uma safra de 39) do modelo 250 GTO, de 1962. Este carro, que pode custar entre US$ 4 milhões e US$ 12 milhões, foi o primeiro da marca a ter um sistema de refrigeração nas laterais dianteiras, inovando em seu design. Outro ícone da indústria no seu tempo, o Talbot Lago T150 SS, de 1937, conta com um design fascinante, uma excelente aerodinâmica e uma marca impressionante: há 65 anos, na tradicional prova de LeMans, já atingia a velocidade de 224 km/h.