O telefone do empresário paulista Alberto Pellegrini, diretor da Megacycle, uma empresa que promove eventos de motociclismo e automobilismo, não pára de tocar. Do outro lado da linha estão mães de adolescentes em busca de informações sobre um salão que começa neste 6 de abril, na Bienal do Parque Ibirapuera, em São Paulo. ?Está uma loucura?, diz Pellegrini. ?Todos querem comprar ingresso com antecedência?. A procura é, na verdade, o termômetro de um mercado que cresce com velocidade e já movimenta cerca de US$ 1 bilhão por ano: o tuning. A palavra inglesa, que significa afinação, tornou-se sinônimo de carros mexidos, remodelados, potentes e extravagantes. É uma mania que conquista um crescente número de fãs e já criou uma indústria milionária, principalmente, nos Estados Unidos. Justamente por isso, Pellegrini se uniu ao ex-piloto Emerson Fittipaldi para criar o 1º Salão de Tuning do Brasil. ?Daremos um impulso para esse negócio se desenvolver mais rapidamente no País?, diz Fittipaldi. E bota impulso nisso. O evento custará R$ 20 milhões e ocupará um espaço de 8,8 mil m2 divididos por mais de 100 expositores.

Pode parecer exagerado reservar um espaço tão grande para um evento de tuning. Não é. Trata-se de um pequeno fenômeno de comportamento ?O número de encomendas dobra todos os meses?, diz Michel Monteiro, dono da V-Tuning, uma das mais conceituadas oficinas do setor. Os principais combustíveis que alimentam o desejo pelas máquinas mexidas são a veiculação de programas sobre esta febre, em canais a cabo como o Discovery Channel, e o filme Velozes e Furiosos, lançado em 2002. A produção de Hollywood mostra, do começo ao fim, o mundo do tuning onde pode-se gastar até US$ 1 milhão na transformação de um único carro. Mas o que leva uma pessoa a gastar tanto dinheiro para remodelar o automóvel? ?O desejo de personalizar o carro, de ter um veículo diferente dos demais?, explica Luiz Fernando Baptista, proprietário da badalada Batistinha Garagem.

Para quem pretende se aventurar no mundo do tuning há algumas regras. ?É preciso, primeiro, admitir que é um brinquedo, um capricho?, diz Pellegrini. Um carro ?tunado? não tem valor de revenda e as grandes seguradoras não se arriscam a oferecer uma apólice. É, portanto, um investimento que trará apenas um retorno: satisfação pessoal. Há dois tipos de tuning. O tradicional é o mais adorado por adolescentes e jovens e se caracteriza pela mudança completa do carro fazendo com que ele não se pareça com nenhum outro veículo. ?São como aeronaves espaciais?, diz Monteiro, da V-Tuning. O outro estilo é o chamado ?Dub?, mais simples. Trata-se de apenas de deixar o carro limpo. Tira-se, por exemplo, os frisos laterais, rebaixa-se as rodas, sem subverter as feições de fábrica do automóvel. Uma direção nova aqui, um pedal diferente ali e um banco charmoso acolá. É um trabalho modesto, sem exageros, mas não necessariamente mais barato. Afinal, para essa turma não há limites.