08/06/2004 - 7:00
O dinheiro de plástico deixou mesmo de ser exclusividade das tradicionais bandeiras, como Visa e Mastercard. O lançamento de cartões de marca própria (os chamados private label) pelas grandes redes do comércio criou um segmento novo no mercado que já lidera esta indústria. Estudo da consultoria Bozz Allen Hamilton mostra que são 66 milhões de cartões com marca própria contra 48 milhões dos convencionais ? e a diferença deve aumentar 20% até o final do ano. A novidade é que a moda acaba de chegar aos postos de gasolina. A distribuidora Ipiranga investiu R$ 5,3 milhões no lançamento de um cartão sob medida para a sua rede, destinado a consumidores com renda mensal a partir de R$ 250.
A estréia da Ipiranga fecha um ciclo no varejo. A marca própria impressa no dinheiro de plástico, agora, está presente nos principais setores do comércio: hipermercados, lojas de departamento, drogarias e postos. ?É a consagração desse conceito de pagamento?, afirma Jorge Maluf, vice-presidente da Bozz Allen. Diferentemente dos grandes magazines, a distribuidora de combustível não financia as compras. ?Só criamos estratégias para fidelizar os clientes?, diz Jerônimo Santos, gerente de marketing da Ipiranga. Além de 40 dias para quitar a fatura, o consumidor ganha R$ 0,03 de desconto por litro de combustível. Esta oferta representa o principal custo para a companhia, o que torna o negócio vantajoso para ela. O crédito é concedido pela Unicard, emissora do Unibanco, que também é responsável pela cobrança. Os donos de posto, por sua vez, arcam com uma taxa de administração de 1,5% ? baixa, se comparada aos 4% ou 5% cobrados pelas tradicionais grifes do setor. ?Reduzimos custos para o lojista e aumentamos os benefícios para os clientes?, diz Santos. Até o final deste ano, 3 mil dos 4,3 mil postos Ipiranga no País estarão credenciados. A meta é conquistar um milhão de clientes nos próximos 12 meses.
Nessa parceria financeira, os bancos buscam uma fatia de um negócio que já movimenta US$ 15 bilhões por ano ? metade dos US$ 30 bilhões que circulam nas contas das tradicionais bandeiras, que operam no País há décadas. A carteira da Losango, por exemplo, já ronda os R$ 2 bilhões. De olho nesse potencial, até o Bradesco planeja entrar no mercado com o cartão Zogbi. ?A associação com lojistas é uma das nossas principais metas?, afirma Paulo Izola, diretor executivo do banco.
CRÉDITO PLÁSTICO
Cartão
Quantidade
Patrimônio Anual
Taxa de crescimento
Marcas Próprias
66 milhões
US$ 15 bilhões
20%
Bandeiras tradicionais
48 milhões
US$ 30 bilhões
16%