O Brasil é um dos países emergentes presentes no mercado ilegal de cartões roubados. É o que revela um estudo realizado pela NordVPN, provedora de serviços de VPN, em mais de 119 países.

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O levantamento, conduzido pela plataforma NordStellar, equipe de gestão de exposição a ameaças ligada à NordVPN, analisou metadados de 50.705 registros de cartões listados em lojas digitais da dark web, coletados em maio de 2025.

Apesar de não estar entre os dez países com mais cartões roubados em 2025, o preço médio de um cartão brasileiro aumentou em comparação a 2023, sendo vendido atualmente por US$ 10,70 (aproximadamente R$ 57,50) no mercado ilegal, um crescimento de 26% em relação aos R$ 45 de 2023.

“Mesmo com um crescimento menor no preço em relação a outros países da América Latina, o Brasil se destaca devido ao enorme volume de dados de cartões roubados originários no país”, explica Adrianus Warmenhoven, especialista em segurança da NordVPN, à IstoÉ Dinheiro.

Mesmo que os cartões brasileiros continuem relativamente “baratos” quando comparados a outras nacionalidades, o aumento indica tensão entre oferta e demanda.

Japão tem cartão ilegal mais caro

No Japão, a história é diferente. Para adquirir um cartão roubado na ‘terra do Sol nascente’, um cliente teria que desembolsar US$ 22,80, quase R$ 120 na conversão atual, o que coloca o país no topo do ranking de preços, seguido por Cazaquistão, Guam (território insular na Micronésia) e Moçambique, que giram em torno de US$ 16 (R$ 86).

Locais com leis e medidas antifraude mais fortes geralmente apresentam preços mais baixos na dark web, já que os riscos para os cibercriminosos são significativamente maiores.

 Confira o top 10 dos cartões mais e menos caros:

Japão tem o cartão roubado mais caro do mundo. Congo e Barbados são os locais mais baratos (Credito: Divulgação/NordVPN) (Crédito:Divulgação/NordVPN)

EUA lideram ranking de distribuição

Em termos de distribuição, o ranking mostra que mais de 60% dos cartões analisados pertenciam a usuários norte-americanos, seguidos por Singapura, com 11%, e Espanha, com aproximadamente 10%Confira:

  1. Estados Unidos
  2. Singapura
  3. Espanha
  4. Reino Unido
  5. Kuwait 
  6. França 
  7. Irlanda
  8. Canadá
  9. Alemanha
  10. Chipre

“Isso não indica necessariamente que esses países sejam mais suscetíveis a crimes cibernéticos. Reflete diversos fatores, incluindo o alto grau de digitalização do país e o uso generalizado de sistemas de pagamento online”, detalha Warmenhoven.

Validade longa chama atenção

Segundo a NordVPN, 87% dos cartões observados no estudo permanecem utilizáveis por mais de 12 meses, o que aumenta o valor comercial desses dados. Cartões com validade mais longa são mais fáceis de revender e oferecem várias oportunidades de monetização antes que os emissores detectem e cancelem os instrumentos. 

Uma das formas como os cibercriminosos evitam alertas antifraude dos bancos é usando os cartões no mesmo país ou região onde foram emitidos, já que as instituições financeiras costumam sinalizar transações internacionais. Além disso, pequenas transações são realizadas antes da venda para confirmar que os cartões funcionam.

Como se proteger?

Não é segredo que a utilização de senhas fortes e exclusivas para cada site de compras pode dificultar a vida dos ladrões de dados, mas também existem outras boas práticas que podem diminuir o risco de cilada, entre elas:

  • Monitorar extratos bancários constantemente
  • Evitar armazenar cartões de crédito em navegadores
  • Ativar a autenticação de dois fatores sempre que possível
  • Usar softwares que detectam vazamento de dados