12/11/2003 - 8:00
A Branca de Neve agita as galerias de arte nos Estados Unidos. Na Great American, em Los Angeles, a cotação da gravura disparou nas últimas semanas. Chegou a US$ 40 mil. Os clássicos do Mickey Mouse também estão em alta. Na mesma trilha, segue uma série de outras imagens que marcam a primeira época da história dos desenhos animados, antes da invenção do atual sistema digital. Hoje, todo o material dos tempos da animação feita a mão se consagrou como preciosa raridade artística. Os mais cobiçados são os desenhos originais em acetato que garantiam o movimento dos personagens dos cartoons da Disney, da Warner Brothers e da Hanna-Barbera. Aparece ainda na lista de bons negócios um rascunho do Pernalonga assinado pelo célebre cartunista Chuck Jones, da década de 60. A obra não sai por menos de US$ 20 mil. Desde que seja original. É fato, os quadrinhos dos primórdios do cinema animado se consagraram como investimento. ?A valorização é de 20% ao ano. Quanto mais raro mais caro?, diz o Rob Jaiven, diretor da galeria Cuckoo Comics & Collections, na Florida. E o melhor: ?O Brasil é uma ótima promessa de lucros.? Em 2004, o desenhista Mauricio de Sousa irá colocar o material histórico dos bastidores dos filmes e dos quadrinhos da Turma da Mônica no mercado de arte.
A meta do cartunista nacional é lançar reproduções numeradas dos quadrinhos originais produzidos nos anos 50. Será uma espécie de gravura com edição limitada. Os preciosos acetatos que deram origem aos filmes da Turma da Mônica também estão sendo catalogados para desembarcar nas galerias de arte. ?Já temos clientes para as imagens do Sousa?, garante Jaiven. Obras para atender a demanda de investidores e colecionadores não irão faltar. Há 40 anos, Mauricio de Sousa arquiva todos os desenhos originais de suas histórias. Desde os traços para as tiras de jornais, passa pelos trabalhos publicitários até as imagens manuais que deram origem às cenas de cinema. Agora, toda a papelada será guardada de forma digitalizada, o que permitirá a negociação do traço original. ?Esperava o momento certo de transformar esse material em investimento?, diz o desenhista. O acervo ganhará uma nova loja exclusiva na região dos Jardins, em São Paulo. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2004.
Ainda é difícil estimar o valor da animação nacional. Mas as primeiras referências são bastante promissoras. Alguns quadros pintados pelo criador do personagem da Mônica já atingem cotações entre R$ 150 mil a R$ 500 mil. Porém, ainda não estão à venda. Cerca de 50 pinturas, que compõem a exposição batizada de História em Quadrões, foram avaliadas artística e financeiramente apenas para garantir uma apólice de seguro durante as exibições públicas. Porém, a partir do momento que um desses desenhos estiver ao alcance dos colecionadores, os valores disparam em até 30%. ?A disputa entre os clientes favorece imediatamente os preços?, explica o consultor americano. Essa rentável margem de ganho financeiro conciliada à diversão do tema atrai grandes investidores. Donald Ackerman, vice-presidente do banco americano Salomon Smith Barney, é presença assídua nos leilões internacionais de gravuras dos desenhos animados. Este ano, Ackerman aplicou cerca de US$ 500 mil em telas infantis. Foram 43 ilustrações em acetato que deram origem às cenas do filme Branca de Neve e os Sete Anões, produzido em 1937 pela Disney. Agora, Ackerman exibe parte do clássico filme da princesa nas paredes do seu escritório
em Nova York. Em breve, também não será estranho encontrar um quadro com do Cascão ou do Cebolinha em destaque em requin-
tadas galerias de arte.