30/06/2025 - 20:24
Governo americano diz que universidade deu resposta “insuficiente e tardia” durante protestos pró-palestinos em 2024 e ameaça cortar todo o financiamento federal da instituição.O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, acusou nesta segunda-feira (30/06) a Universidade de Harvard de violar os direitos civis de seus estudantes judeus e israelenses e ameaçou cortar todo o financiamento federal caso a instituição não tome medidas urgentes.
Em uma carta enviada ao reitor da universidade, Alan Garber, uma força-tarefa federal coordenada pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos acusou a universidade de não proteger seus estudantes durante protestos contrários a Israel ocorridos em 2024.
Os protestos pró-palestinos criticavam as operações militares israelenses contra o Hamas na Faixa de Gaza. Segundo o departamento, durante as manifestações houve uma série de incidentes de assédio contra judeus e a resposta da universidade foi “insuficiente e tardia”.
A carta foi divulgada pelo jornal americano The Wall Street Journal e obtida por diversas agências de notícias. Nela, o governo concluiu que, em alguns casos, “Harvard foi deliberadamente indiferente, e em outros foi uma participante ativa no assédio antissemita contra estudantes, professores e funcionários judeus”.
O texto também afirma que a maioria dos estudantes judeus em Harvard sente que sofre discriminação no campus, e um quarto deles declarou não se sentir fisicamente seguro.
“Estudantes judeus e israelenses foram agredidos, esconderam seus quipás com medo de serem assediados e ocultaram sua identidade judaica dos colegas de classe por medo de serem excluídos”, afirma o texto.
Universidade rebate acusações
A secretária de imprensa Karoline Leavitt disse a repórteres que Harvard está violando a legislação de direitos civis. “Se você infringe a lei federal, não deveria receber dinheiro dos contribuintes”, disse.
A universidade declarou que discorda fortemente das conclusões do governo, afirmando que “tem tomado medidas concretas e proativas para enfrentar as causas profundas do antissemitismo em sua comunidade”.
Críticos afirmam que tais investigações são apenas um pretexto para impor controle federal sobre as instituições de ensino.
Campanha contra Harvard
O anúncio pode abrir caminho para novas ações contra a universidade, que já teve bilhões de dólares em verbas de pesquisa congeladas como parte de uma campanha mais ampla de Trump contra Harvard e outras universidades americanas.
As instituições afetadas alegam que as medidas de Trump ameaçam a liberdade acadêmica, a liberdade de expressão e pesquisas científicas essenciais.
O governo americano também tentou proibir a universidade de matricular estudantes estrangeiros e dificultar a concessão de vistos a estudantes interessados em ingressar na universidade.
Harvard processou o Departamento de Segurança Interna e outras agências para barrar essas ações, argumentando que são ilegais e inconstitucionais. Por enquanto, as medidas foram suspensas por tribunais federais.
Outras universidades na mira
Outras universidades americanas também entraram na mira da Casa Branca. Na sexta-feira, o reitor da Universidade da Virgínia, James Ryan, renunciou após pressão da administração Trump por causa das políticas da instituição ligadas à diversidade, equidade e inclusão.
Na semana passada, o governo também anunciou que abriria uma investigação sobre as práticas de contratação da Universidade da Califórnia, que conta com quase 300 mil estudantes, para avaliar se violam leis antidiscriminatórias.
gq (AFP, Reuters, ots)