Preste atenção nesta empresa, pois seus executivos estão convictos de que ela realizará o que muitos prometeram, mas até agora ninguém foi capaz de cumprir: levar a casa própria à grande parcela da classe média baixa que está presa no aluguel. Se o plano de negócios deles vingar, a face do mercado imobiliário brasileiro pode mudar totalmente. É que o públicoalvo da Rodobens Negócios Imobiliários, formado por pessoas de alto nível sociocultural mas sem muito dinheiro, corresponde a pelo menos 30% da população ainda hoje ignorados pelos financiamentos disponíveis. ?Não estamos falando da baixa renda, ou de construir conjuntos habitacionais?, esclarece Eduardo Gorayeb, diretorpresidente da empresa. ?São pessoas que têm curso universitário, falam inglês e acessam a internet, como microempresários e professores. Nossa proposta é entregar um produto que agrega valor e qualidade, a um preço que cabe no bolso e na realidade salarial brasileira.?

Gorayeb se inspirou num modelo adotado por incorporadoras do México, que financiam de 90% a 100% do valor do imóvel, com prazos de 20 a 30 anos e taxas de juros anuais de 6% a 8%. Após firmar parceria com o ABN Real, a Rodobens trouxe a idéia para o País. ?O momento econômico viabiliza os planos deles?, avalia um analista que acompanha o setor. Batizado ?Terra Nova?, o projeto consiste em condomínios fechados com casas de 47 a 97 metros quadrados, que já vêm com toda a infra-estrutura de urbanização e serviços, como segurança, paisagismo e lazer. Seis tipos de fachada para cada uma das quatro plantas desenvolvidas quebram o aspecto padronizado que caracteriza conjuntos populares. A faixa de preços? Entre R$ 50 mil e R$ 120 mil. Mas a grande sacada são as condições de financiamento, por meio de um programa chamado ?Sistema Fácil?: juros de 9% ao ano (mais TR) e 20 anos de prazo. ?As parcelas ficam em R$ 470. Nosso público paga de R$ 300 a R$ 600 de aluguel?, aponta Orlando Viscardi Neto, diretor de finanças da Rodobens.

R$ 50 mil é o preço mínimo dos imóveis nos planos da Rodobens

?Não exigimos comprovação de renda e vendemos tanto para o trabalhador formal como o informal.? O presidente da empresa não teme os maus pagadores. Segundo ele, as pessoas se esforçam para pagar em dia quando acreditam que o produto vale a pena. Uma série de custos na obra foi cortada para tornar o empreendimento viável. Para começar, dispensaram-se pedreiros: as paredes são feitas com fôrmas de plástico reciclado preenchidas com um tipo de concreto que tem 80% de ar em seu conteúdo. Ele substitui os tijolos, dá leveza e confere conforto térmico e acústico. ?Nada melhor do que morar bem e ser ecologicamente responsável?, brinca Gorayeb.