Como supostamente ninguém percebeu o deslize de R$ 43 bilhões no caso Americanas, o Senado entrou em cena. Durante depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), na terça-feira (28), a qual se apresentou como convidado, o ex-CEO da Americanas Sergio Rial jogou as primeiras pistas do que pode ser o fio do novelo do caso que arrastou os grandes bancos brasileiros a um calote bilionário e centenas de fornecedores a não receber por suas entregas. Rial, que ficou dez dias à frente da varejista, afirmou que teve dificuldade para obter informações da gestão anterior da empresa durante a transição ­— sua contratação foi anunciada no começo do segundo semestre de 2022 e ele assumiu a companhia no primeiro dia útil de 2023. O executivo disse que extraía as informações “a conta-gotas” do departamento de contabilidade.

“O presidente anterior [Miguel Gutierrez] era uma pessoa com características de CEO, tendo estado na empresa há tanto tempo, centralizador, no sentido de que as informações eram muito bem controladas por ele com sua diretoria”, disse Rial sobre Gutierrez, que atuou na Americanas por três décadas, sendo 20 anos no comando executivo. Lembrando que diretores da varejista se desfizeram de suas ações antes
de elas virarem pó, apenas deste trecho da fala de Rial dá para tirar muito coelho da cartola.

ACORDO
China-Brasil: negócios sem dólar

Istock

Lula não foi à China (por ter contraído pneumonia). Mas a China ‘veio’ ao Brasil. Na quarta-feira (29), foi anunciada a criação de uma câmara de compensação para o fechamento de negócios e concessão de empréstimos entre os dois países sem que o dólar americano seja utilizado. O banco que vai operar a câmara é o gigante chinês ICBC (Banco Industrial e Comercial da China). “Com o acordo cortam-se custos de transação porque ela não passa pelo dólar. Já existem outros 25 assim no mundo”, afirmou a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito. Há 13 anos a China é o maior parceiro comercial brasileiro. Em 2022, as transações somaram US$ 150 bilhões e o saldo é amplamente favorável ao Brasil, com superávit de US$ 29 bilhões — apesar de exportamos basicamente commodities e os asiáticos nos venderem produtos de maior valor agregado. Guo Tingting, vice-ministra de Comércio da China, disse que o acordo “facilita muito o nosso comércio e vamos buscar possibilidade de exportação de mercadorias de alto valor agregado”. Para o empresariado brasileiro, a mudança não deverá trazer ganhos substanciais e a maioria deve permanecer usando o dólar. Mas para a China é outro gol na sua briga contra os Estados Unidos, já que faz a moeda local (yuan) ganhar um pouco mais de espaço na economia global.

VAREJO
Grupo Petrópolis pede recuperação judicial

Divulgação

Dono das marcas de cerveja Itaipava e Petra, entre outras, o Grupo Petrópolis entrou com pedido de Recuperação Judicial na Justiça do Rio de Janeiro na segunda-feira (27). No documento, informa que as dívidas da empresa somam R$ 4,4 bilhões, sendo R$ 2 bilhões em obrigações financeiras e R$ 2,2 bilhões com fornecedores e terceiros — os outros R$ 200 milhões não foram detalhados. Entre os motivos mencionados pelos advogados do grupo está o aumento da taxa de juros, que agravou a situação da dívida e comprometeu o fluxo de caixa da companhia. A empresa estaria trabalhando com 40% de sua capacidade nas oito plantas que mantém. O grupo tem 24 mil empregados.

TRANSFORMAÇÃO
Alibaba anuncia mudanças e ações disparam

Minasse Wondimu Hailu“Nunca desista. Hoje será ruim. Amanhã será pior. Mas depois de amanhã haverá sol” Jack Ma Fundador do Alibaba. (Crédito:Minasse Wondimu Hailu)

Conglomerado chinês do e-commerce, o gigante Alibaba Group anunciou na terça-feira (28) um plano de reformulação que dividirá a companhia em seis partes. Cada unidade terá sua própria estrutura de conselhos e CEO. Todas, com exceção de uma (a Taobao), deverão ter papéis negociados em bolsa. Imediatamente, as ações do grupo em Hong Kong subiram até 16,3%, fechando com alta de 12,2%. A grande notícia está além da empresa fundada por Jack Ma há 24 anos: sinaliza que o forte cerceamento de Pequim a grandes companhias chinesas do setor de tecnologia pode estar terminando.

MUNDO
Israel para! E governo recua

Uma inesperada, furiosa e grandiosa manifestação em cadeia. Assim podem ser resumidas as 80 horas vividas em Israel entre a noite de sábado (25) e a terça-feira (28). No sábado, o então influente ministro da Defesa, Yoav Gallant, manifestou publicamente que o governo comandado por Benjamin Netanyahu deveria parar com seu projeto de reformar o sistema judiciário israelense — mudança que deve desequilibrar as relações de forças e contrapesos entre os poderes. No dia seguinte, Gallant foi demitido por Netanyahu. Para a sociedade foi o limite. Na segunda-feira (27), o país parou em greve e protestos exigindo que a reforma do judiciário não prossiga no Congresso. A paralisação geral chegou a interromper todos os voos no aeroporto internacional Ben Gurion e até mesmo a rede McDonald’s aderiu. Netanyahu deu um passo atrás sobre o avanço da reforma, mas ninguém acredita que será duradouro. Tanto que na terça-feira (28) o presidente americano Joe Biden mandou seu recado: “Espero que eles abandonem isso”. Netanyahu respondeu na mesma noite: “Israel não toma decisões com base em pressões do exterior, mesmo que sejam do melhor dos amigos”.

RANKING
Sorria, você está… na Finlândia

Pelo sexto ano consecutivo, a Finlândia lidera o ranking mundial de felicidade, o World Happiness Report 2023. São levados em conta seis indicadores — PIB per capita, redes de apoio social, saúde & expectativa de vida, liberdade de fazer escolhas pessoais, generosidade e percepção de corrupção. Após os levantamentos, os dados são cruzados com o chamado fator distopia (um lugar imaginário que seria horroroso de se viver, em oposição à utopia, para a comparação dos resultados).