22/05/2011 - 6:27
Dominique Strauss-Kahn está assumindo um ar de Bernard Madoff, enquanto seu estilo de vida passa do socialismo elitista a uma batalha contra as acusações de crimes sexuais que enfrenta.
O ex-diretor-gerente do FMI teve que concordar em se tornar um “ciberprisioneiro” da Stroz Friedberg, a mesma companhia de segurança que vigiou o famoso especulador financeiro Bernard Madoff, a fim de convencer o juiz de Nova York a deixá-lo preparar sua defesa em liberdade sob fiança.
Strauss-Kahn encontra-se temporariamente no Empire Building, na Broadway, em um dos apartamentos da empresa Stroz Friedberg, equipado com um guarda armado na porta, câmeras de segurança e outros equipamentos de vigilância, além da tornozeleira eletrônica que carrega.
O francês de 62 anos, cujas esperanças de apresentar-se como o candidato do partido socialista nas próximas eleições presidenciais da França se foram após as acusações de tentativa de estupro, foi libertado sob custódia da Stroz Friedberg.
O caso está sendo atendido pelo diretor da Stroz Friedberg, Anthony Valenti, ex-vice-presidente do Citigroup e ex-investigador do escritório da promotoria americana.
As “vastas implicações” do esquema Ponzi de 50 bilhões de dólares de Madoff implicaram um “incomum nível de risco, que incluíam ameaças de morte contra o acusado, relacionamentos potencialmente perigosos com o público e uma atmosfera circense pela atenção da mídia”, segundo Stroz Friedberg.
A vigilância de Madoff foi feita por “supervisores de agentes federais aposentados e policiais especiais de Nova York”, que examinavam cada entrada e saída da residência do prisioneiro.
A Stroz Friedberg disse ter cumprido seu dever “com êxito, sem incidentes, ao escoltar Madoff até sua audiência, de onde foi transferido ao presídio federal em 12 de março de 2009”.
Espera-se que Strauss-Kahn, que deve pagar os honorários da Stroz Friedberg – que, segundo estimativas, seria de 200 mil dólares por mês -, receba o mesmo tipo de atenção.
Longe de sua casa de 4 milhões de dólares no bairro rico de Georgetown, em Washington, o ex-dirigente do FMI só poderá sair do atual refúgio em caso de emergência médica.
Uma vez transferido para um local permanente, poderá se deslocar apenas ao escritório de seu advogado Benjamin Brafman ao Tribunal, a uma sinagoga e a um centro médico.
Strauss-Kahn tem toque de recolher de 22h as 6h e só pode ser visitado por quatro pessoas que não sejam da família, sendo um por vez.
A mansão de Strauss-Kahn em Georgetown, as duas residências em Paris e a casa de férias no Marrocos estão fora do alcance do diretor do FMI.
Embora tenha saído da prisão de Rikers Island, Strauss Kahn está sendo tratado pela imprensa da mesma maneira que Madoff.
O jornal The New York Times chamava Madoff de “Ponzi king” (o rei da pirâmide) e de “arch-swindler” (arquivigarista), enquanto Strauss-Kahn tem sido apeliado de “Pepe Le Pew”, como o gambá do desenho animado da Warner Brothers.
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