14/12/2022 - 8:10
O número de casos de catapora, nome popular da varicela, aumentou em 65% na cidade de São Paulo em 2022, comparado com dados de 2021. Ao todo, foram 213 quadros confirmados de infecção pelo vírus varicela-zóster, que causa a doença, e 56 surtos (quando há aumento repentino de casos) até outubro. Em 2021, São Paulo teve 129 casos de catapora. Os dados são de um levantamento da Prefeitura.
Marcio Nehab, infectologista pediátrico do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), aponta a baixa cobertura vacinal contra varicela como o principal motivo para o aumento da doença. Hoje, a vacina tetraviral, que protege contra a doença, está com cobertura inferior a 50% da população-alvo nacional, de acordo com análise do Observa Infância (Fiocruz/Unifase). Por isso, neste momento, o médico avalia que “é essencial que as pessoas atualizem a carteirinha de vacinação dos filhos o quanto antes e afastem as crianças das escolas, caso elas apresentem sintomas”.
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No Brasil, os mais atingidos pela doença são crianças e não vacinados. Isso porque, ao pegar a doença uma vez – o que geralmente acontece na infância, já que o vírus é altamente contagioso e circula com facilidade em creches e escolas -, a pessoa se torna imune. “Existe a chance de pegar catapora duas vezes, mas, principalmente para pessoas vacinadas, é muito pequena e a pessoa provavelmente terá poucas lesões”, explica o infectologista.
A tetraviral (SCR-V) está disponível no Programa Nacional de Imunização (PNI) e protege contra catapora, caxumba, sarampo e rubéola. Ela deve ser aplicada em duas doses: uma aos 15 meses de idade e outra aos 4 anos. Segundo a Fiocruz, responsável pela produção nacional do imunizante, a primeira dose da vacina já garante proteção de 85% contra a catapora e, com a segunda, a proteção é de 97%. Assim, caso ocorra a infecção pelo vírus, os sintomas tendem a ser mais leves e não evoluir para quadros graves que demandem hospitalização. Além da tetraviral, existe ainda uma vacina de bloqueio que pode ser tomada por pessoas que tiveram contato recente com pessoas infectadas, ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS).
SINTOMAS
Os sintomas mais comuns da catapora são o aparecimento de manchas vermelhas ou bolhas pelo corpo, coceira, febre baixa a moderada com duração média de quatro dias, mal-estar, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite. Geralmente, eles começam entre 10 e 21 dias após o contágio.
Segundo o médico, o diagnóstico correto da doença é essencial. “A pessoa deve procurar um posto de saúde ou hospital particular”, diz. Geralmente, o diagnóstico da doença é feito após um exame clínico. No entanto, como a catapora tem os mesmos sintomas que a Mpox (novo nome para a MonkeyPox), em alguns casos é preciso fazer um teste sorológico para confirmar a doença e receber indicações corretas de tratamento.
Em geral, não há um tratamento específico para catapora. Os infectologistas recomendam ter cuidado com a higiene da pele, lavando-a regularmente com água e sabão. Além disso, é importante cortar bem as unhas e não coçar lesões, pois aumenta o risco de infecções secundárias por bactérias.
Caso o paciente tenha febre, o uso de ácido acetilsalicílico deve ser evitado, pois pode gerar complicações. Em quadros graves da doença, o uso de um medicamento chamado aciclovir pode ser indicado, mas isso depende de avaliação médica. Também é importante isolar o paciente por sete dias a partir do aparecimento das lesões de pele, para evitar a transmissão.
GRAVIDADE
Natalie Del-Vecchio, infectologista pediátrica e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do IFF/Fiocruz, alerta para a importância de evitar infecções e não subestimar a doença. “Antigamente, muitas pessoas incentivavam que as crianças pegassem catapora, para não sofrerem com a doença quando adultas. Mas assim como outras enfermidades, a catapora pode evoluir para formas graves e até levar à morte, mesmo em crianças saudáveis”, diz a médica.
Em alguns casos, é possível que a catapora leve a infecções secundárias graves, o que pode causar quadros de encefalite, por exemplo, que é uma doença inflamatória do sistema nervoso central que pode levar à morte. “Mesmo que a criança não tenha sido vacinada na idade indicada e que a vacina esteja atrasada, os pais podem e devem levá-la ao posto de saúde.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.