11/09/2002 - 7:00
Caterpillar para ir ao trabalho, passear, jogar golfe. Caterpillar para presentear uma filha, proteger-se do frio, assinar um cheque. Obviamente, não se está falando de retroescavadeiras e tratores que fazem o nome da mais famosa fabricante de máquinas pesadas do mundo, que fatura US$ 20 bilhões ao ano. Mas dos produtos promocionais que nasceram na década de 80 para ajudar a divulgar a sua marca americana e acabaram virando uma grife de prestígio. São bonés, canetas, chaveiros, relógios, malas, ursos de pelúcia, jogos infantis, camisetas, jaquetas e as cobiçadas botas todo-terreno. No Brasil, as vendas desses artigos não passam de
R$ 500 mil e eles são encontrados somente na loja instalada dentro da única fábrica brasileira da empresa, em Piracicaba, interior de São Paulo. Mas, para o deleite dos fãs, isso vai mudar. A Caterpillar está fechando acordo com pequenas indústrias nacionais para produzir localmente alguns itens de seu catálogo de licenciamento. Quatro já foram selecionadas: uma de Piracicaba (vai fazer camisetas), duas de São Paulo (canetas, chaveiros e malas) e outra de Apucarana, Paraná (bonés).
A loja interna foi aberta em 1997 como parte de uma estratégia corporativa. A Caterpillar queria se aproximar de fornecedores, funcionários e usuários de suas máquinas. ?Mas a procura tem sido tão grande que já justifica produzirmos alguns itens aqui?, explica Suely Agostinho, gerente de assuntos governamentais da filial. O espaço de 65 metros quadrados recebe 6 mil visitantes por ano. ?Também é um modo de reduzirmos os custos de importação, já que tudo o que vendemos vem de fora (China, Estados Unidos, Argentina). As alíquotas chegam a 22,5% sobre os artigos de vestuário, por exemplo. Inicialmente, a linha de calçados ? que é a jóia da coroa e conta com mais de 60 modelos masculinos e femininos ? não entra no esquema de produção local. No mundo inteiro, existe um único licenciado para produzir as botas e os tênis da Caterpillar. É a americana Wolverine, cujo representante brasileiro está à caça de alguém capaz de produzi-los em território nacional. ?As botas carregam as características mais importantes de nossas máquinas: durabilidade e confiabilidade?, diz Sérgio Regonha, coordenador de vendas da loja interna. ?Por isso, a escolha tem que ser muito criteriosa e vai demorar mais um pouco.?
Em 1997 e 1998, os calçados da Caterpillar foram vendidos em grandes varejistas do setor, mas a desvalorização do real pôs
fim às importações. Isso não deve se repetir com os novos
produtos. Eles estarão disponíveis apenas na fábrica em Piracicaba e nos cerca de 50 revendedores das máquinas da companhia. E a subsidiária nacional não busca lucro com os licenciamentos. A matriz americana também não buscava quando entrou nesse negócio 15 anos atrás. Hoje, Caterpillar é uma grife forte na Europa e nos EUA. Os produtos licenciados são vendidos em lojas próprias e em espaços exclusivos em redes de departamento, ao lado de Adidas e Nike. Sem falar, é claro, que eles geram faturamento de US$ 850 milhões ao ano para a empresa.