22/07/2016 - 0:00
Maior locadora de veículos da América Latina, a mineira Localiza fechou o primeiro semestre deste ano com um faturamento líquido de R$ 2,1 bilhões. Esse valor, que totaliza as receitas do aluguel e gestão de frotas e da venda de carros seminovos, representa um crescimento de 2,4% sobre o mesmo período de 2015. Tomado separadamente, no entanto, o seu core business, a locação, embora apresente um volume de negócios inferior ao da revenda de carros usados, apresentou um desempenho sensivelmente melhor, batendo na casa dos R$ 667, 5 milhões, um aumento de 10,1% sobre os seis primeiros meses do ano passado.
“Apesar de todas as dificuldades, estamos entre as poucas empresas que estão conseguindo apresentar um resultado positivo”, afirma Eugenio Mattar, CEO da empresa de Belo Horizonte. E também lucrar: de janeiro a junho, a companhia exigiu na última linha do balanço um resultado positivo de R$ 201 milhões, 3,8% a mais do que o registrado no ano anterior.
Segundo o CEO, que divide o controle com seu irmão mais velho e fundador da Localiza, Salim Mattar, aumentar o faturamento e manter o balanço no azul, só foi possível porque a empresa começou a se preparar com razoável antecedência para enfrentar a virada negativa da economia brasileira. “Desde 2014, já era possível vislumbrar que o ciclo de crescimento seria revertido”, diz Mattar. “Esta foi uma crise mais do que anunciada.”
Antes que o mingau empelotasse, a Localiza tratou de fazer a sua parte, controlando custos operacionais e investindo na melhoria dos produtos e dos serviços oferecidos aos clientes pessoas físicas e jurídicas. “ Reformulamos nosso programa de fidelidade, tornamos mais ágil o atendimento ao cliente, tanto na retirada quanto na devolução dos veículos, com a utilização de ferramentas como os smartphones”, afirma. “Apostamos também no aumento da produtividade, o que nos permitiu oferecer tarifas mais atraentes ao mercado, ao ponto de a locação se tornar competitiva em relação aos taxis, por exemplo.”
A redução média de 3% nos preços foi um dos fatores que permitiu um aumento de 12,7% no volume de diárias, que totalizaram 8,6 milhões, no semestre. “O aluguel de carro passou a caber no bolso dos brasileiros”, diz Mattar. Também contribuiu para a maior demanda a valorização do real,que provocou a diminuição das viagens ao exterior. “Com o dólar mais caro, muita gente optou pelo turismo interno”, diz.
Com uma rede de 565 lojas, espalhadas por 361 cidades do Brasil e mais sete países (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai), a Localiza deve ultrapassar a barreira dos R$ 4 bilhões de faturamento neste ano, dos quais pelo menos a metade deve vir da locação e gestão de frotas, caso se mantenha o ritmo exibido no primeiro semestre. Por se tratar de uma companhia de capital aberto, Mattar, porém, não pode cravar nenhuma previsão publicamente.
No entanto, há razões para acreditar que, ainda que moderado, o desempenho de 2016, supere o de 2014. Como locadora oficial dos Jogos Olímpicos Rio 2016, seguramente deverá ampliar as receitas no Rio de Janeiro e nas cinco cidades que também sediarão as partidas de futebol (Manaus, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Salvador). Além disso , deve-se considerar a sazonalidade: tradicionalmente, o segundo semestre é mais favorável para o setor de locação de veículos. “Não dá para baixar a guarda”, afirma Mattar. “O contexto político e econômico ainda é nebuloso e não prevemos nenhum refresco até o fim do ano.”
De qualquer maneira, o CEO garante que a empresa está saudável, com um elevado grau de liquidez financeira. De acordo com ele, a Localiza tem em caixa nada menos de R$ 1,5 bilhão, praticamente o equivalente ao total de suas dívidas. “Com a vantagem de que nossos compromissos estão bem alongados no tempo.”