12/10/2005 - 7:00
Os principais chefs de cozinha dos Estados Unidos iniciaram uma cruzada em busca dos últimos exemplares de caviar beluga em território americano. A fina iguaria, apreciada nas festas e nos restaurantes mais requintados do planeta, está com os dias contados no país do hambúrguer. O órgão do governo responsável pelo controle da pesca baniu a importação do caviar beluga. A medida foi tomada para diminuir a pesca do esturjão, o peixe que dá origem ao caviar e que hoje está na lista das espécies em extinção. Nos últimos 20 anos, a população de esturjão caiu 90%. Só no ano passado, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisas do Esturjão, a queda foi de 30%. Acendeu-se o sinal vermelho. A única saída encontrada pelos americanos foi interromper a importação das ovas cultivadas no Mar Cáspio em países como Irã, Rússia, Azerbaijão e Casaquistão. Atualmente, os Estados Unidos consomem cerca de 60% da produção mundial do produto. ?Isso ajuda, mas não resolve?, diz Osvaldo Takeshi Oyakawa, técnico do Museu de Zoologia da USP. ?É preciso também controlar a pesca?.
O embargo americano causou um choque na indústria. O preço do quilograma de beluga, que hoje está na faixa de US$ 3 mil, pode cair pela metade. Apesar da boa intenção do governo, o tiro pode sair pela culatra. Isso porque o mercado negro das cobiçadas ovas do esturjão, um dos principais causadores da extinção do peixe, tende a crescer. Esse segmento ilegal, alimentado por máfias de países produtores, é dez vezes maior do que o fiscalizado pela lei. Enquanto não se encontra uma saída, os franceses tentam uma alternativa com a criação do esturjão do beluga em cativeiro. No Brasil, mestres na arte da boa cozinha como Giancarlo Bolla, dono do restaurante La Tambouille, em São Paulo, tentam preencher o espaço deixado pelo beluga por uma outra iguaria um pouco mais farta. ?Estou usando a ova de mujjol?, diz Bolla, referindo-se ao peixe espanhol. Pode ser uma boa opção, mas nunca ocupará o lugar de destaque que o beluga ostenta nas mesas
refinadas desde o século 17.