Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – Principal fornecedora mundial de produtos de nióbio, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) revelou nesta quinta-feira que começará a aplicar sua tecnologia do metal brilhante em baterias de motos elétricas da chinesa Horwin produzidas no Brasil.

A nova parceria significa um importante avanço no plano da empresa brasileira de ampliar a venda de produtos para o mercado de baterias, o qual deve representar até 25% de sua receita anual em 2030, com um crescimento exponencial dos volumes, disse um executivo da CBMM à Reuters.

Um protótipo comercial da tecnologia, que permitirá a recarga ultrarrápida dos veículos, será apresentado ainda no primeiro semestre deste ano. A expectativa é de que o lançamento ao mercado aconteça em 2024.

A aplicação do óxido de nióbio no ânodo das baterias de íons de lítio garante maior segurança e eficiência, conforme atesta projeto desenvolvido há três anos pela CBMM junto à japonesa Toshiba.

No acordo anunciado nesta quinta-feira, a brasileira entrará com o fornecimento de células para baterias, enquanto a Horwin Brasil produzirá o “cérebro” do componente, além das próprias motos.

“Temos 40 projetos com os principais fabricantes de baterias na Ásia, Europa, Estados Unidos… No Brasil, são três grandes parcerias. Estimamos 4 mil células (de baterias) para concluirmos a etapa de validação da tecnologia com o usuário final, e aí entraríamos no planejamento industrial”, explicou Rogério Marques Ribas, gerente executivo do Programa de Baterias da CBMM.

A companhia, detida pelo grupo Moreira Salles, já comercializa alguns produtos de nióbio para baterias de micromobilidade (bicicletas, scotters e triciclos) na China, mas os volumes ainda são baixos e pouco representativos nos negócios totais, somando menos de 1% da receita.

Com o avanço das parcerias na área, que devem consumir 70 milhões em investimentos da CBMM ao longo de 2022, a previsão é elevar as vendas de óxido de nióbio. Para este ano, a empresa prevê 500 toneladas comercializadas, ante pouco mais de 50 toneladas em 2021. Em 2030, a meta é alcançar 50 mil toneladas desse produto.

“Temos o objetivo de colocar essa tecnologia no mercado o mais rápido possível, porque é uma corrida, não queremos perder esse momento muito bom para a eletrificação no mundo.”

No futuro, espera-se que o uso do nióbio em baterias possa ir além do universo de mobilidade, avançando para sistemas de armazenamento de energia e para robôs autônomos utilizados em operações logísticas, afirmou o executivo.

GANHOS DE EFICIÊNCIA PARA MOTOS

Para a Horwin, os principais ganhos das novas baterias está no tempo de recarga –que cai de três horas para cerca de 10 minutos– e no prolongamento da vida útil das baterias, em comparação com as tradicionais.

“Nossas motos são muito usadas em operações empresariais, por exemplo, em empresas de segurança, que não podem ficar 3h paradas carregando uma moto… Vamos aplicar (a tecnologia) em todos os produtos, e não só para o mercado brasileiro, mas também internacional”, explicou Pricilla Favero, CEO da empresa no Brasil.

A Horwin Brasil vai investir aproximadamente 100 milhões de reais no projeto com a CBMM e prevê comercializar 100 mil motos com as baterias de nióbio no mercado brasileiro já em 2024.

Ainda não foi decidido onde ficará a linha de produção, se será em Manaus (AM), onde já tem um centro de distribuição, ou em São Bernardo do Campo (SP).

Segundo a empresa, a ideia é exportar a tecnologia das baterias com nióbio para unidades da companhia no exterior.

A fabricante de motos elétricas faz parte do grupo chinês Horwin Global, que tem mais de 700 distribuidores no mundo e exporta para mais de 60 países.

(Por Letícia Fucuchima)