Após uma reestruturação e o atingimento do guidance dado em meados de 2020, a Cogna ainda vislumbra continuidade no caminho de disciplina financeira, com expectativa de limpar ainda mais o balanço nos próximos trimestres.

+O que o Porto do Açu está fazendo para se tornar a nova rota do agro

+CEO da Stefanini: R$ 10 bilhões da desoneração da folha ‘não é nada perto dos rombos do Brasil’

Na esteira de um aumento de receita previsto para os próximos resultados e uma perpetuidade na gestão do passivo, o CEO da Cogna, Roberto Valerio, destaca que a companhia tem como meta reduzir ainda mais sua alavancagem.

“A redução da alavancagem que fizemos é notória, de 3,2x Ebitda para 1,2x Ebitda em 3 ou 4 anos. A gente pretende continuar reduzindo a alavancagem até mais ou menos 1x Ebitda para reduzir a despesa financeira, mas é importante que a gente tenha ainda um pouco de dívida por causa da eficiência fiscal”, explica.

Nesse contexto, a companhia não definiu se fará novas fusões e aquisições nos próximos meses. Em agosto a companhia comprou a Faculdade de Medicina de Dourados (FMD), uma instituição de ensino superior localizada no estado de Mato Grosso do Sul (MS), pela cifra de R$ 54 milhões.

A unidade possui 60 vagas no curso de medicina, autorizadas pelo MEC em junho de 2025, e irá começar suas operações nos próximos meses (estando na fase de vestibular).

O ativo custou cerca de R$ 900 mil por vaga de medicina, preço considerando barato pelos analistas de sell side. A visão da gestão é de que M&As só devem se repetir no curto prazo na eventualidade de ser vislumbrado um preço atrativo – assim como ocorreu nessa transação.

Em março a empresa entregou o guidance firmado há cinco anos atrás e considerado ‘ousado’ pelo CEO, batendo R$ 2,1 bilhões de Ebitda e com uma geração de caixa positiva de R$ 1 bilhão.

As cifras representam um incremento de múltiplas vezes em relação a resultados passados – dado que a Cogna tinha um Ebitda de R$ 690 milhões e operava com a última linha do balanço no vermelho em meados de 2020.

Cogna deve seguir com estratégia de diversificação de receita

Atualmente a empresa possui 60% da sua receita vindo de operações de ensino superior, especialmente graduação e pós-graduação, e 40% de educação básica e outros negócios.

A expectativa é de que essa proporção se mantenha, segundo Roberto Valerio.

Em termos de inadimplência, os dados caíram ano após ano em meio à reestruturação, fazendo com que o indicador de ‘contas a pagar’ de alunos – tempo demorado entre 30 dias de aulas e o pagamento à instituição – caísse de 142 para 42.

A inadimplência caiu muito, especialmente em 2021 e 2022. Tomamos uma série de ações para para conseguir reduzir essa esse nível de inadimplência. Uma é uma uma melhoria constante na experiência do cliente, mas também na experiência financeira, a fazer com que o boleto chegue correto, chegue na data, e uma série de eficiências ao longo do processo”, conta Valerio.

“Também melhoramos um pouco a opção para a negociação. A gente foi mais restritivo com com os alunos que eram maus pagadores. Isso acabou cobrando um pouco de preço no churn inicialmente, especialmente lá em 2021, mas depois a inadimplência ficou bastante estável”, completa o CEO da Cogna.