Com o anúncio da compra do controle do Banco Master pelo Banco Regional de Brasília (BRB), como ficam os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) da instituição? Muda alguma coisa para quem investiu em  um ativo do banco?

Para Renoir Vieira, gestor de family office e sócio da Duna Consultoria, quem comprou títulos do Banco Master não tem motivo para se preocupar. Em entrevista a IstoÉ Dinheiro, ele explica que as condições contratadas previamente pelos investidores e os mecanismos de seguridade seguem iguais e que, inclusive, com o acordo de compra do Master pelo BRB, o risco de crédito é reduzido.

+Banco Master reduz taxa de CDBs após anúncio de venda para BRB

“Muitos investidores têm CDBs do Banco Master e outras operações. É importante dizer que todos podem ficar tranquilos. As operações do Banco Master seguem vigentes, as condições que foram contratadas continuam valendo, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) continua sendo garantidor dessas operações. Nós estamos falando de absoluta normalidade, do ponto de vista de quem tem investimentos nas operações no Banco Master”, comenta.

Além disso, o especialista acrescenta que o mesmo vale para o BRB. “Quem tinha CDB ou outras operações do BRB continua sendo coberto pelo FGC, as operações seguem vigentes nas mesmas condições.”

O FGC, citado pelo especialista, é uma instituição criada em 1995 para proteger depositantes e investidores em caso de falência ou intervenção de bancos e outras instituições financeiras. O fundo funciona como um seguro para quem tem dinheiro aplicado em produtos como contas correntes, cadernetas de poupança e CDBs, garantindo até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por instituição financeira.

O FGC é financiado pelos próprios bancos, que contribuem com um percentual sobre seus depósitos, formando um fundo que cobre eventuais quebras e ajuda a manter a confiança no sistema financeiro.

‘Master é uma boa plataforma para o BRB crescer’

Na avaliação de Vieira, o Master ‘está em uma situação confortável’ e transação não deve encontrar dificuldades para receber aprovação do Banco Central, já que não representa nenhum tipo de concentração bancária relevante.

“É uma operação bastante usual. Um banco comprando outro. Isso já deve ter acontecido centenas de vezes ao longo da história do mercado financeiro brasileiro. O BRB tem um projeto que aparentemente não é de hoje, pelas informações que nós temos, de nacionalização. É um banco regional, que foi crescendo, hoje é um banco relativamente grande”, disse.

“Entre os bancos médios [o BRB] é um banco grande. É um banco que tem uma ideia de se nacionalizar, de atender clientes no território nacional, e vejo o Banco Master como um veículo natural. Na verdade, não teria para um banco que tem essa estratégia de nacionalização muitos bancos que poderiam ser alvo de aquisição. O Master é uma boa plataforma para o BRB crescer nacionalmente”, completa.

Entenda a compra do Banco Master pelo BRB

Pelo acordo anunciado, o BRB está adquirindo 58% do Banco Master em uma operação avaliada em cerca de R$ 2 bilhões. A transação ainda precisa ser aprovada por órgãos reguladores – nesse caso, o Banco Central (BC) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Com a transação concluída, o BRB passará a ter 15 milhões de clientes, R$ 112 bilhões em ativos e R$ 72 bilhões em carteira de crédito, consolidando-se como um dos dez maiores bancos do país em concessão de crédito.

O Master divulgou seu balanço de 2024 nesta semana, anotando um lucro líquido de R$ 1,068 bilhão no período, mais que o dobro do resultado de 2023, que foi de R$ 532 milhões.

O patrimônio líquido do banco aumentou de R$ 2,3 bilhões em 2023 para R$ 4,74 bilhões ao fim do ano de 2024.

Além disso, os ativos de crédito atingiram R$ 40,31 bilhões, enquanto o total de ativos do banco cresceu 75% no ano, chegando a R$ 63 bilhões. O resultado foi impulsionado por uma estratégia de diversificação do portfólio e fortalecimento das operações, incluindo aquisições recentes do Banco Voiter e do Will Bank​.

O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) do Banco Master em 2024 foi de 28,5%​