A Cedro Participações foi a vencedora do leilão da área ITG-02, do Porto de Itaguaí (RJ), realizado na tarde de quarta-feira, 18, na B3, em São Paulo. Com cerca de 350 mil metros quadrados, a área será destinada à construção de um terminal de armazenagem e movimentação de graneis sólidos minerais, com capacidade estimada em 20 milhões de toneladas por ano.

O investimento previsto na construção da infraestrutura do complexo portuário é de R$ 3,7 bilhões, com início das obras em 2027 e início das operações em 2029. O terminal ficará localizado entre as operações da Vale e da CSN, com acesso à malha ferroviária da MRS.

Com a iniciativa, a Cedro Participações será a primeira mineradora de ferro 100% brasileira e de capital fechado a verticalizar a operação e ter uma saída para o mar, além de cumprir papel importante para o aumento da capacidade de produção e exportações para todo o setor no país.

“O terminal está totalmente alinhado com a estratégia de crescimento e sustentabilidade da Cedro e da própria indústria”, afirma Lucas Kallas, presidente do Conselho de Administração da Cedro Participações, controladora da Cedro Mineração.

Atualmente, as pequenas e médias mineradoras dependem dos portos pertencentes às grandes do mercado para escoar sua produção. Com a perspectiva de aumento de capacidade das líderes, as companhias menores têm sua capacidade de expansão limitada pela falta de espaço de armazenagem nos portos atuais. A Cedro estima que no prazo de cinco anos, haverá um gargalo na capacidade portuária para escoamento da produção.

Para Fabiano Carvalho, Vice-Presidente Comercial, Estratégia e Projetos, “a expectativa é que a aquisição do Porto do Meio fomente novos negócios para a região, ampliando a capilaridade das operações e impulsionando o desenvolvimento de novos projetos”. A cadeia logística entre Minas Gerais e Rio de Janeiro tende a ser beneficiada com o destravamento logístico proporcionado por essa nova infraestrutura.

“Estamos muito felizes por ter obtido essa outorga e tenho certeza de que vamos contribuir muito para a economia do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, que serão os Estados mais beneficiados por este investimento”, afirmou o conselheiro da Cedro Participações, José Carlos Martins, após a vitória do leilão.

O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Serafim da Costa Filho, classificou o leilão como o maior da história, tendo em vista o volume de investimentos envolvidos. O certame ainda contou com disputas envolvendo outras duas áreas, menores em relação à ITG02: MAC16, no Porto de Maceió; e MCP03, no Porto de Santana (AP). A primeira foi vencida pelo consórcio Britto Macelog, com oferta de 1,45 milhão de reais; e a segunda por Rocha Granéis Sólidos, com proposta de 58,1 milhões de reais.

Aposta em infraestrutura

Neste ano, a Cedro Participações já havia anunciado investimento na construção de um ramal ferroviário para ajudar a escoar a produção de minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero, na região da Serra Azul. Agora, terá também um porto para escoar a sua produção e a de terceiros.

Maior leilão portuário da atual gestão do governo federal, o certame de Itaguaí é considerado de alta relevância para a Portos Rio, a autoridade portuária responsável pela gestão dos portos públicos do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com seu presidente, Francisco Martins, o leilão será crucial para ampliar a infraestrutura portuária do Estado e garantir o escoamento da produção de minério de Minas Gerais.

Quando estiver pronto, o novo terminal consolidará Itaguaí como principal exportador de minério de ferro do Brasil. “Este terminal representará não apenas um aumento expressivo na capacidade de movimentação do Porto de Itaguaí, mas também será um motor de desenvolvimento socioeconômico para a região, com a geração de milhares de empregos e o incremento na arrecadação de tributos”, afirmou o gestor.

Segundo o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) do projeto, o novo terminal vai gerar cerca de 2,8 mil empregos diretos e indiretos, durante o período de construção, e 2,8 mil empregos diretos e indiretos, na fase de operação. Em impostos, a estimativa é de arrecadação de até R$ 1,2 bilhão em Imposto Sobre Serviço (ISS), nos 35 anos do contrato.

Para Eduardo Couto, Vice-Presidente Jurídico e Institucional da Cedro Participações e Conselheiro do Sindiextra, “a licitação do Porto do Meio é uma antiga demanda do setor no Estado e vai gerar desenvolvimento econômico e social, com responsabilidade ambiental”.

Segundo a Cedro Participações, o novo empreendimento também seguirá rigorosos padrões de ecoeficiência. Haverá diretrizes para o uso racional de recursos naturais e controle de emissões de particulados, por exemplo.