28/01/2015 - 18:13
Os governantes de América Latina e Caribe iniciaram, nesta quarta-feira, na Costa Rica uma cúpula onde impulsionarão ações contra a pobreza e tentarão estimular o presidente Barack Obama a acelerar o fim do embargo na normalização de relações com Cuba.
A 3ª Cúpula da Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac) teve início nesta manhã em Pedregal, a 15 km a oeste da capital San José, com a presença de chefes de Estado e delegados dos 33 países do bloco, entre eles o presidente cubano, Raúl Castro.
“Não há prioridade maior do que garantir a sustentabilidade das políticas públicas que, nos próximos anos, nos conduzam finalmente a derrotar a fome e a miséria na nossa região”, disse na inauguração o presidente Luis Guillermo Solís, que entregará na quinta-feira a presidência da Celac ao seu colega do Equador, Rafael Correa.
Dos 33 governantes do bloco só estarão ausentes os da Argentina, do México, do Paraguai e do Peru.
“Estamos vivendo um novo ciclo geopolítico regional, estamos no tempo da nossa América Latina e Caribenha. É a união na diversidade o que nos faz mais fortes”, disse o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao chegar à Costa Rica.
Maduro, que em Caracas denunciou que havia “um grupo de terroristas” na Costa Rica para ameaça-lo, negou na terça-feira que o governo do presidente colombiano Juan Manuel Santos tenha feito um pedido em favor da libertação do opositor Leopoldo López, preso desde fevereiro de 2014.
Embora a pobreza seja tema oficial da cúpula, Cuba centraliza a atenção internacional. Raúl Castro tem seu primeiro encontro com seus colegas latino-americanos desde o histórico anuncio de 17 de dezembro sobre a reconciliação entre Cuba e Estados Unidos, depois de meio século de hostilidades.
Segundo o chanceler da Costa Rica, Manuel González, Castro pode informar sobre os resultados da reunião que tiveram há uma semana em Havana altos funcionários cubanos e americanos para o restabelecimento das relações diplomáticas, rompidas em 1961.
Uma das 25 declarações especiais que sairão da Costa Rica condenará o embargo mantido Estados Unidos contra Cuba desde 1962, como tem feito a Celac desde que foi criada.
“A Celac fará um pedido ao presidente Obama para que continue com as medidas administrativas que está impulsionando para a normalização das relações com Cuba”, adiantou o vice-chanceler costa-riquenho, Alejandro Solano.
Há uma semana, Obama pediu ao Congresso que trabalhe para a suspensão do embargo. “É o passo fundamental que falta”, disse o chanceler equatoriano Ricardo Patiño.
Os mandatários debaterão o combate à pobreza, em um momento em que o fraco crescimento econômico na América Latina, que a Cepal projetou em 2,2% neste ano, ameaça os avanços da última década. Dos 600 milhões de latino-americanos cerca de 48% era pobre em 2002 e nos últimos dois anos se estagnou em 28%.
Para os governos da Costa Rica e do Equador, o caminho era se aproximar de países como a China, que registra taxas elevadas de crescimento econômico e disputa com os Estados Unidos sua influência na América Latina.
“Estou convencido de que a Celac deve continuar consolidando sua relação com outros blocos e países estratégicos”, acrescentou Solís em seu discurso.
Sob a presidência da Costa Rica -único país centro-americano que tem relações com a China-, a Celac se aproximou da União Europeia, mas sobretudo da China, que prometeu investir 250 bilhões de dólares nos próximos 10 anos na América Latina e no Caribe.
O apoio chinês foi principalmente em empréstimos em condições favoráveis e um dos grandes beneficiados é a Venezuela, angustiada com a queda dos preços do petróleo, com a escassez e com uma inflação de 64%.
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