Segundo o CEO da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, a companhia deverá seguir pagando o que considera ‘dividendos generosos’, mas sem previsão de mudanças nas regras de remuneração dos acionistas.

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Ao Dinheiro Entrevista, o CEO da Cemig relata que a companhia seguirá ‘à risca’ a política atual, que prevê uma distribuição de lucros (payout) na casa dos 50%, mas que eventos não recorrentes podem alterar a última linha do balanço e então aumentar os proventos previstos.

“A nossa regra de payout é muito clara. O que está no estatuto social é o que vamos seguir à risca. Não fazemos ajuste, como outras empresas do setor fazem, que é usar o lucro líquido regulatório. Toda a área de transmissão [de energia elétrica] em geral paga dividendos pelo lucro líquido regulatório. A gente não faz isso, a gente paga pelo lucro societário, e isso significa que sempre que tiver alguma operação não recorrente com algum ganho não recorrente, isso implicará em mais dividendos ao acionistas.

Nesse sentido, alguns eventos específicos podem aumentar – e já aumentaram em um passado recente – a distribuição de dividendos da Cemig.

Como exemplo, o executivo cita a alienação da empresa na sua participação de 45% na Aliança Energia para a Vale, feita em março de 2024, por R$ 2,7 bilhões, exercendo um direito de preferência.

Na ocasião, esses bilhões implicaram em um ganho de capital, que por sua vez aumentou o lucro líquido da companhia – que então foi distribuído aos acionistas.

Atualmente as ações CMIG4 possuem um dividend yield em 11,7%, segundo dados da plataforma Status Invest, com R$ 1,3349 pagos por ação no acumulado dos últimos 12 meses.

Desde 2021 os proventos dos papéis, anualmente, superam R$ 1,15 por ação.

A cotação das ações é de cerca de R$ 11,30 atualmente, com alta de 2,8% desde o início do ano, mas queda de 2,8% em 12 meses. Em uma janela maior, de 5 anos, a valorização dos papéis é de 101%.

Alavancagem da Cemig deve subir

Questionado acerca do patamar de endividamento da companhia em meio ao maior ciclo de investimentos da história, Passanezi explica que os números de alavancagem não preocupam e, na verdade, devem subir.

Conforme os dados mais recentes, referentes ao segundo trimestre de 2025, a alavancagem da companhia está em 1,6 vez o seu Ebitda (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização).

“Acabamos de ter um upgrade na classificação de risco pela Moody’s. Então, hoje a gente é triple A [patamar máxima nas notas de agências de classificação de risco] pela Fitch e triple A pela Moody’s. O próprio relatório da Moody’s diz que a alavancagem vai subir, mas isso não altera a classificação. Por quê? Porque a revisão tarifária ocorre de cinco em cinco anos. Então, na verdade, o Ebitda hoje deveria ser maior do que ele é. Só que eu estou construindo, ele só vai aparecer em 2027″, explica.

“A gente tem que ser muito transparente com o mercado. A nossa tendência é da relação dívida líquida aumentar um pouco até 2027, e aí depois ela volta a cair”, completa o executivo.

A empresa está em meio ao seu maior ciclo de investimentos desde que fui fundada em meados de 1952, sob a gestão do então governador Juscelino Kubitschek.

Estão previstos R$ 59 bilhões em Capex até 2029, cifra que já foi parcialmente executada, dado que o ciclo se iniciou em 2019.

A empresa, com esse valor, já construiu 138 novas subestações e 10 mil quilômetros de rede trifásica.

Passanezi frisa que a maior parte do valor dos investimentos da Cemig é direcionada aos setores regulados, com investimentos em distribuição, transmissão e distribuição de gasto canalizado.