A Cemig, ainda estatal e na fila da privatização, já atua com uma gestão nos moldes de companhias privadas, ao menos em partes – priorizando eficiências nos custos e disciplina financeira.

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À IstoÉ Dinheiro, o CEO da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, relata que a companhia promoveu mudanças culturais e financeiras relevantes nos últimos anos para atender a esse objetivo, incluindo venda de ativos vistos como supérfluos e excessivamente extravagantes.

“Tínhamos aeronaves próprias de uso exclusivo da presidência. Nós vendemos todas essas aeronaves, saímos do hangar que era alugado para essas aeronaves. A última aeronave que nós vendemos foi R$ 15 milhões. O custo do hangar era R$ 3 milhões ao ano. Isso era um privilégio da presidência. Hoje a presidência só anda de avião comercial e, quando tem alguma necessidade, pode usar um convênio com a Polícia Militar”, conta Reynaldo Passanezi.

“Outro exemplo de eficiência, também buscando otimizar recursos, é que a sede da Cemig estava dividida em dois prédios muito grandes e alugados. Um dos prédios foi devolvido, o outro prédio tem 21 andares e nós também devolvemos mais cinco andares dele. Isso significa que hoje a gente usa um espaço para a sede da Cemig que é cerca de um terço do que era anteriormente”, completa.

Segundo o executivo, essas readequações não demandaram cortes no pessoal, mas sim um foco na reorganização das estruturas.

“Temos buscado sempre o máximo de eficiência, buscado o máximo de resultado e sempre com preocupação de usar da melhor forma possível todos os recursos”, defende o executivo.

A filosofia tem sido vista em outra estatal mineira também na fila da privatização, a Copasa.

À IstoÉ Dinheiro, executivos da empresa de saneamento relataram que a companhia chegou, inclusive, a promover demissões com base em uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) – algo praticamente nunca visto em companhias estatais, sejam federais ou estaduais.

Nesse sentido, o mote tem sido de companhias ‘estatais, mas com gestão análoga a de empresas privadas’.

A Cemig chegou a derrubar uma regra que previa que todos os cargos de gerência sejam ocupados por concursados – prevendo agora uma fatia de até 40% de gerentes e cargos análogos vindo do mercado de trabalho, com experiência em outras empresas.

O percentual máximo ainda está longe de ser utilizado e a empresa opera em um patamar de cerca de 15%, considerado por Passanezi como ideal para ‘oxigenar’ a gestão da companhia e promover a diversidade de ideias.

Em que pé está a privatização da Cemig

A companhia teve sua privatização enviada pelo governo de Romeu Zema (Novo) ao parlamento de Minas Gerais em novembro de 2024. Segundo o atual CEO, a proposta ‘segue em discussão’.

A ideia é transformar a companhia em uma corporação, ou seja, com controle diluído, fazendo com que o governo mineiro tenha uma golden share para assuntos estratégicos, todavia tenha sua participação societária reduzida para menos de 20%.

“O Estado de Minas Gerais detém 51% das ações ordinárias, mas não tem ações preferenciais. A proposta é em convertes as ações preferenciais em ações ordinárias. E com isso o estado passa a ter 17% do capital da companhia, mas a companhia fica no maior nível de governança possível, que é o Novo Mercado, onde cada acionista tem direito a um voto”, explica Passanezi.

Maior ciclo de investimentos

Atualmente a elétrica de MG está em meio ao maior ciclo de investimentos da história da companhia, nascida em 1952 sob a gestão do então governador Juscelino Kubitschek.

Estão previstos R$ 59 bilhões em Capex até 2029 – cifra já parcialmente executada, dado que o ciclo se iniciou em meados de 2019.

“Esse ciclo significa construção de novas subestações. Já construímos 138 novas subestações. Isso significa construir mais linha trifásica. Já construímos quase 10 mil quilômetros de rede trifásica. O grosso desse investimento é nos setores regulados. É um investimento em distribuição, transmissão e distribuição de gasto canalizado”, comenta Passanezi.

“Quase 70% desse investimento é em rede. Rede é essencial para a transição energética. Rede só a Cemig pode construir. E rede é o que faz a gente poder ser indutor do desenvolvimento de Minas”, completa o CEO.