04/09/2017 - 16:38
A administradora de empresas Katia D’Amico assistia a um filme no quarto quando ouviu estampidos em sequência, que, inicialmente, imaginou serem de fogos de artifício. Ela se levantou da cama e, ao chegar à janela, avistou policiais fortemente armados correndo na sua rua, no distrito do Morumbi, zona sul de São Paulo.
“Eu ainda estou nervosa, o meu corpo ainda treme. Só de imaginar, o meu corpo treme da situação que a gente teve ontem, porque, na verdade, poderia ter sido aqui”, disse ao falar com o jornal O Estado de S. Paulo por volta das 12 horas desta segunda-feira, 4. “Foi cena de terror. Na verdade, uma cena de terror que nem nos filmes mais agitados eu vi, tamanho o horror de tiros. Foi horrível”, lembra. “Nunca tínhamos passado nada parecido. Difícil.”
Acompanhada da mãe, de 69 anos, ela se trancou no closet do quarto até encerrar os estampidos. “Foi horrível, uns 20, 30 minutos de tiros sem parar”, relata. Quando os disparos cessaram, elas saíram do quarto e foram para a rua ver o que estava acontecendo. “No que eu saí, já vi os três mortos aqui na frente. Até aí, eu não sabia que tinha atingido o meu portão (ao menos oito disparos), os meus carros que estavam aí na frente (dois dentro da garagem tiveram tiros de raspão e um, estacionado na frente, levou ao menos quatro disparos), não sabia do estrago que tinha acontecido”, conta.
Com o susto, Katia soube que o assalto ocorreu na sua vizinha do lado apenas quando a ação foi encerrada pela polícia. Para a administradora, o resultado da ação policial foi “muito eficiente”. “Graças a Deus, nenhum policial foi ferido”, comenta.
“Foi o melhor (resultado) possível porque morreram os violentos, bandidos. E não são suspeitos porque eles estavam roubando, então eles são ladrões, perigosos”, diz ela. “Foi maravilhoso, a sensação é de alívio, que 10 que não vão perturbar mais a vida de muita gente, matar muita gente.”
Cotidiano na região
Ao longo da manhã, a reportagem avistou uma intensa movimentação de carros e motocicletas de empresas de segurança que atendem a região. A menos de uma quadra do local do assalto há, ainda, um ponto com mais de quatro câmeras de vigilância.
Além das rondas, as empresas costumam ser contatadas por moradores quando eles saem ou chegam em casa. “Quando você sai, você liga e eles ficam na porta, te esperando”, explica Katia, que não costuma andar a pé pelo próprio bairro. “Tem de ter essa rotina.”
“A insegurança que a gente vive é inconstante. Se você está dentro da sua casa, você não está seguro. Dentro do seu carro blindado você não está seguro”, comenta. “É tão pesado o armamento deles que nem os carros blindados resolvem”, lamenta.