Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) – O acúmulo de evidências de que os preços estão desacelerando, juntamente com sinais de finanças esticadas do consumidor e até mesmo as recentes demissões no setor de tecnologia, pode reforçar a esperança de que a economia dos Estados Unidos conseguirá conter o aumento da inflação sem uma grande contração econômica.

Autoridades do Fed enfatizaram esta semana que pretendem continuar elevando os juros por enquanto, embora talvez em um ritmo mais lento, até que fique claro que a recente queda na inflação se tornou uma tendência e se amplie para toda a gama de bens e serviços.

Mas depois de mais de um ano sendo surpreendido por uma inflação acima do esperado, a pressão pode agora estar aumentando na outra direção, permitindo que o Fed aja de forma menos agressiva com qualquer novo aumento de juros.

Na terça-feira, os investidores aumentaram as apostas de que o Fed elevará os juros em apenas 50 pontos-base em sua reunião de 13 e 14 de dezembro, depois que novos dados mostraram que os preços pagos pelas empresas norte-americanas, uma medida dos custos futuros para o consumidor, subiram menos do que o esperado em outubro, com alguns componentes importantes registrando um declínio em relação ao mês anterior.

Os dados vieram logo após o relatório da semana passada de que os preços ao consumidor subiram menos do que o esperado em outubro, e as autoridades do Fed sinalizaram que devem acabar com as altas de 75 pontos-base aprovadas nas últimas quatro reuniões do banco central.

O mais recente relatório do índice de preços ao produtor, que mede o que as empresas pagam por materiais, suprimentos e produtos finais para revenda, incluiu a primeira queda nos preços dos serviços desde novembro de 2020, juntamente com evidências de que as altas margens de lucro obtidas por alguns fornecedores durante a pandemia estão caindo.

Autoridades do Fed argumentam que será difícil para a inflação dos EUA diminuir até que a atual demanda alta por trabalhadores se alinhe com o número de pessoas dispostas a trabalhar, um ajuste que pode ter começado nas empresas de tecnologia –que foram as principais vencedoras durante os meses de pico da pandemia, quando os consumidores compravam de forma online e os funcionários montavam escritórios em casa.

O crescimento do emprego até outubro permaneceu forte, mas moderado em relação aos picos pré-pandêmicos, e as autoridades do Fed disseram ter visto alguns sinais iniciais de que o crescimento dos salários está começando a esfriar.

As autoridades do Fed estão tentando caminhar na corda bamba ao apertar as condições financeiras na economia o suficiente para desacelerar a inflação de forma que não cause uma recessão.

Reduzir a demanda é um dos objetivos das elevações de juros do Fed, que vêm no ritmo mais rápido em 40 anos, na expectativa de que um consumo menor se traduza em uma inflação menor.

(Reportagem de Howard Schneider)

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