Os impactos agregados das tarifas para produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos sobre a economia doméstica dependem de negociação e percepção de risco, de acordo com a ata divulgada nesta terça-feira, 5, da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada na semana passada.

O documento do encontro de julho traz um longo parágrafo (de número 6) sobre o tarifaço e suas possíveis consequências. No de junho, não havia uma citação explícita à decisão do presidente americano, Donald Trump. Foi em 9 de julho que os EUA decidiram aplicar, além dos 10% de alíquota recíproca, uma taxa maior para o Brasil, de 40%. Enquanto os membros se reuniam no Copom, os EUA informavam que quase 694 produtos estariam sem esse acréscimo.

De acordo com a ata, o cenário externo está mais adverso e incerto do que antes. “Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais, assim como os dados recentes de inflação e atividade da economia norte-americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro, a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial norte-americanas tornam o cenário mais incerto e mais adverso”, considerou o colegiado.

Para a cúpula do BC, a elevação por parte dos Estados Unidos das tarifas comerciais para o Brasil tem impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo. “O Comitê acompanha com atenção os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros. A avaliação predominante no Comitê é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, trouxe o documento.

Como usual, o Comitê informa que focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica de inflação interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo.