O Censo 2022 foi publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no dia 28 de junho e o destaque foi o crescimento da população nas cidade de médio porte.

Entenda o caso

  • Pandemia foi o principal fator para o crescimento abaixo do esperado da população brasileira;
  • Salvador foi a capital que teve a maior diminuição da população: 9%;
  • Cidades médias ao redor das grandes metrópoles vão continuar crescendo, acreditam especialistas.

De acordo com o Censo, Brasil tem 203 milhões de habitantes, 4,7 milhões a menos que as estimativas do IBGE

Cidades médias ganham força 

Um dado que foi detectado nas informações divulgadas sobre o Censo é que cidades de médio porte foram as responsáveis pelos maiores índices de crescimento na comparação com o levantamento de 2010. 

Um dos exemplos é Sorocaba, que se tornou a segunda maior cidade do interior de São Paulo, ultrapassando Ribeirão Preto. Em 2010, Ribeirão tinha 604.682 contra 586.816. Doze anos depois, Sorocaba conta com  723.574 contra 698.259 da cidade do nordeste do estado. 

O professor, consultor e mestre em geografia pela Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) Hiran Mauá acredita que esse crescimento, assim como de diversas cidade de médio porte, se deve a proximidade da capital alinhado com uma maior qualidade de vida e a possibilidade do home office. 

“No interior paulista, cidades médias ganham impulso porque as capitais estão social e geograficamente saturadas. Com o aumento do home office ou trabalhos híbridos, muita gente trabalha dessas cidades para empresas da capital”, explica. 

Outro ponto destacado por Mauá são os condomínios fechados construídos na cidade, o que faz com que moradores da capital façam uma escolha por casas mais seguras. 

Repasse para cidades vão mudar

O crescimento da população e a chegada de pessoas economicamente ativas podem ser uma oportunidade para que essas cidades de médio porte de dinamizar a economia, além de aumentar a arrecadação de impostos.  

A economista e professora de MBAs da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Carla Beni também destaca que, as cidades que tiveram incremento populacional, terá uma maior fatia do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). 

“Isso deve acontecer de forma escalonada nos próximos anos, para não haver um impacto tão grande também nas cidades que vão perder dinheiro nessa redistribuição. Elas terão uma redução de 10% ao ano no quociente”, explicou. 

Crescimento sustentável depende de políticas públicas 

Para aproveitar o crescimento da população, os especialistas afirmam que as prefeituras devem investir em políticas públicas para não afastar os novos moradores e manter uma qualidade de vida elevada. 

Mauá acredita que sem investimentos públicos em saúde, transporte e educação, o crescimento desordenado pode fazer com que essa população migre novamente.   

“Pode haver problemas de especulação imobiliária e inchaço urbano por causa de trânsito, falta de oferta de escolas e hospitais e transformar essas cidades em um caos”, aponta. 

Beni destaca que as cidades vão precisar saber onde investir esse dinheiro a mais que entrará por conta da alta populacional. 

“O planejamento é importante não só para o volume financeiro, mas onde você vai investir, em quais áreas e as faixas etárias que serão impactadas por esses investimentos. Isso é um novo desafio para essas cidades, pois não pode haver gargalos que façam as pessoas saiam do município”, encerrou.