Pode existir um CEO que já pernoitou nas gélidas e extensas planícies da Antártica? Mergulhou com os temíveis tubarões brancos? Defendeu-se de um búfalo enfurecido em meio à savana africana e teve a mesma visão da Terra que o astronauta americano Neil Armstrong? Sim, pode. 

 

Essa pessoa se chama Geoffrey Kent, um africano nascido na Zâmbia há 68 anos. Kent conhece boa parte do globo e transformou suas experiências de viagens em um negócio que rende mais de US$ 150 milhões por ano. 

 

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O empresário, que leva mais de 30 mil pessoas a lugares exóticos, 
agora quer oferecer um novo tipo de turismo: alugar casas ao redor do mundo  

 

Ele é dono da agência Abercrombie & Kent, sinônimo de roteiros exóticos de luxo, presente em mais de 100 países e com mais de 30 mil clientes. O empresário, que mora em Londres, começou sua saga como guia de safáris, uma das especialidades da agência e que corresponde a cerca de 30% do faturamento da A&K. 

 

O sucesso da empresa com os exigentes magnatas e celebridades, principalmente as americanas, que fazem questão de viajar com a agência, deve-se muito ao fato de o próprio Kent testar os destinos que oferece. O privilégio custa até US$ 30 mil por uma semana.

 

Entre os executivos que já embarcaram nas aventuras propostas por Kent estão o banqueiro David Rockfeller e o fundador da Microsoft, Bill Gates, que passou um de seus aniversários fazendo um safári na Zâmbia. 

 

“A viagem mudou a visão sobre a África. Depois da experiência, ele e Melinda, sua mulher, passaram a ajudar pessoas carentes no continente”, disse Kent à DINHEIRO, em passagem por São Paulo.

 

Depois de quase 50 anos no negócio, o que Kent ainda mais gosta de fazer é contar suas experiências. Ele detalha episódios que acabou de vivenciar, mas também não se esquece de nada que aconteceu há mais de 40 anos. 

 

Como quando levou o ator Richard Burton (1925-1984) num safári, em meados da década de 60. “Estávamos no meio da savana africana quando um búfalo enfurecido nos atacou. Fizemos barricada com o que tínhamos no acampamento. 

 

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Diversidade: Kent proporciona aventuras na Antártica ou na África com o luxo e o conforto que os poderosos exigem. 
E agora oferece casas e apartamentos (como o da foto, em Nova York), com a mesma sofisticação, em seu Residence Club

 

Por fim, depois que conseguimos abatê-lo, o Richard Burton vira pra mim e diz: ‘Incrível! Se a Elizabeth (Taylor, mulher dele, na época) vier conosco da próxima vez, vocês podem arranjar esse espetáculo novamente?’”, conta, às gargalhadas. 

 

Incansável, o aventureiro CEO fala da África com a nostalgia de quem deixou a terra natal para ganhar o mundo e com o entusiasmo de lugares que ele ainda não explorou direito. Como o Brasil. 

 

Em 2009, visitou a Amazônia, o Pantanal e Fernando de Noronha, entre outros destinos paradisíacos. Mesmo sabendo dos problemas que podem atrapalhar o tipo de turismo de luxo que sua agência promove, como a violência nas grandes cidades, Kent acredita no País. 

 

“O Brasil só precisa capacitar melhor a mão de obra para atender os turistas de alto poder aquisitivo e construir mais hotéis de luxo com apelo exótico, como os lodges”, recomenda. 

 

Ele também está de olho nos possíveis clientes que o País pode fornecer para seu novo empreendimento: o exclusivo Abercrombie & Kent Residence Club, lançado em setembro. 

 

Ao redor do mundo, 17 propriedades em locais como Havaí e Los Cabos, no México, estão disponíveis para associados passarem de 15 a 45 dias por ano. “As casas têm capacidade para cerca de 12 pessoas, e toda a infraestrutura à disposição: mordomos, empregadas, chef de cozinha, motorista. Até a despensa é abastecida com o que o associado está acostumado a consumir”, explica ele. 

 

O preço da adesão ao clube varia de US$ 145 mil a US$ 320 mil e, da anuidade, de US$ 17 mil a US$ 42 mil. “Estamos avaliando propriedades no Brasil, em Trancoso, Búzios, Angra dos Reis e na orla do Rio”, afirma Kent. Ele ficou fã das Cataratas do Iguaçu. “É tão bonito quanto o lugar mais lindo do mundo, Victoria Fall, na Zâmbia.”