O CEO da Gol, Celso Ferrer, disse acreditar que o processo do Chapter 11 (recuperação judicial nos Estados Unidos) dure “significativamente menos” do que o de outras companhias aéreas da América Latina. No entanto, Ferrer não revelou qual o prazo esperado pela companhia para concluir o trâmite.

A Latam e Avianca, por exemplo, demoraram cerca de dois anos. Para o CEO da Gol, o processo de reestruturação das duas empresas foi bem sucedido, mas o momento atual é mais favorável para a Gol. “Não estamos em uma pandemia, é um cenário de demanda consistente”, afirmou.

Ferrer destacou que a operação da Gol é mais simples, com apenas um tipo de aeronave, o que deve também contribuir para agilizar a conclusão do Chapter 11. O executivo também avalia que o fato de a empresa ter feito dois rounds de negociação com lessores – os arrendadores de aeronaves – em 2023 deve também garantir que essas conversas sejam concluídas com sucesso em pouco tempo.

Os termos da negociação do Chapter 11 não foram comentados pelo CEO. Ferrer apenas afirmou que o objetivo é melhorar a estrutura de caixa da companhia, diminuindo a alavancagem e mantendo as operações normalmente.

Negociação com ‘lessores’ está evoluindo

O executivo também disse que perto de metade da dívida da Gol, de R$ 20 bilhões ao final do terceiro trimestre de 2023, é detida por 25 lessores. “A negociação com lessores está evoluindo, e em diferentes estágios, alguns estão nos apoiando muito”, disse em entrevista à imprensa, citando que o processo de renovação de frota da companhia aérea continua e a Gol está recebendo um novo avião agora.

Normalmente, a negociação com os lessores é a que demora mais em processos de reestruturação de dívidas do setor aéreo, por conta dos altos valores envolvidos. A Gol iniciou a primeira rodada de negociação com lessores em junho de 2023 e outra rodada de reuniões ocorreu em outubro. “Os lessores conhecem a nossa pauta, eles sabem o que precisamos endereçar”, disse Ferrer.

“Acordos com lessores devem ser assinados de uma maneira acelerada”, disse o CEO da Gol, explicando que o contexto agora é de menor incerteza do que no passado recente. “Nossa previsão é que o trabalho demore substancialmente menos do que outros processo mais recentes na América Latina.”

Como os lessores estão situados no exterior, principalmente nos Estados Unidos, a companhia aérea brasileira optou por pedir a proteção judicial para reestruturar a dívida na Corte de Nova York. “Vamos utilizar o sistema judicial dos Estados Unidos para facilitar a reestruturação.”

O executivo disse que a Gol analisou outros casos de empresas aéreas que pediram proteção judicial nos EUA e observou que todas saíram “bastante fortalecidas” desse processo. “O processo de Chapter 11 já foi muito testado no setor de aviação.” Ferrer citou exemplos de sucesso do processo, como a Avianca Colômbia, Latam e Aeromexico na América Latina, além de outras como a Delta e American Airlines nos Estados Unidos.