11/07/2014 - 13:43
Após cinco meses à frente da Microsoft e já com algumas mudanças promovidas “no espírito” da empresa, o CEO da companhia, Satya Nadella, quer acelerar o passo da gigante de Redmont. Ele enviou, nesta quinta-feira 10, um longo e-mail para todos seus funcionários. A mensagem é bem direta: apertem o passo e foquem nas missões da empresa.
Em seu texto, Nadella pede para os milhares de integrantes de sua equipe que “sejam ousados e impulsionem os produtos da companhia” e afirma que a Microsoft precisa “redescobrir sua alma” com a ajuda dos funcionários.
A má notícia para os empregados é que, segundo rumores, Nadella planeja seguir essa maré com um barco mais leve, cortando o número de pessoas a bordo. Apesar da companhia não confirmar o movimento, a imprensa americana afirma que o executivo pretende enxugar o quadro e tornar a produção mais eficaz.
O terceiro CEO da história da Microsoft, ao lado do cofundador Bill Gates e do funcionário número 30, Steve Ballmer, já fez algumas alterações na companhia. A principal delas é um olhar mais contemporâneo do negócio de tecnologia.
A empresa, por exemplo, colocou no mercado seu primeiro sistema operacional de código aberto e começou a viabilizar o uso de seus pacotes nas plataformas das concorrentes. Segundo Nadella, a experiência não deve ser centrada na Microsoft, e sim no usuário.
Seu primeiro grande movimento sob a nova filosofia foi o anúncio da versão do Office para o iPad, da Apple, feito no fim de março. O aparelho, atualmente uma das principais ferramentas usadas para trabalhar e navegar na internet, é considerado o vilão do mercado de PCs, área dominada pela Microsoft há décadas. Dias depois, Nadella tomou outra decisão inusitada, principalmente vinda da Microsoft, conhecida pela avidez com que faz funcionar sua caixa registradora: tornou o sistema operacional para smartphones, o Windows Phone, gratuito para empresas que queiram usar a plataforma em aparelhos com menos de nove polegadas de tela.
O objetivo é claro: avançar na área de mobilidade, na qual a Microsoft detém pífios 4% de participação, longe, muito longe, dos principais competidores – o Google lidera com uma fatia de 78%, seguido pela Apple, com 15%. O executivo indiano não fez apenas remendos para minimizar os danos em setores nos quais a empresa está atrasada. No mesmo evento, em abril, a Microsoft divulgou que a versão para internet das coisas do Windows terá código aberto e também será gratuita. Não custa lembrar: a empresa de Bill Gates não só foi a principal antagonista dos softwares abertos, como lutou ferrenhamente para destruí-los. “A Microsoft virou-se para o horizonte em que as coisas são feitas de forma diferente”, diz Roger Kay, presidente da consultoria americana Endpoint Technologies Associates.
A mudança de pensamento, contudo, teve início antes de Nadella assumir o poder. Já no final da era Ballmer, algumas coisas começaram a mudar. Nos últimos meses da administração do antigo CEO e atual membro do conselho de administração, seus homens de confiança conseguiram convencê-lo de que o barco deveria içar velas e seguir o vento, em vez de remar na direção oposta. Entre os integrantes desse grupo seleto, estava o indiano que algum tempo depois seria ungido à presidência e vestiria de vez a camisa da “nova” Microsoft. “Nadella esteve muito próximo do início da nova filosofia”, afirma Rob Enderle, fundador da consultoria americana especializada em tecnologia Enderle. “Ele foi uma das pessoas que mudaram a cabeça de Ballmer.”