20/08/2025 - 18:40
Para o CEO da Moura Dubeux, Diego Villar, apesar da preocupação com a Selic no maior patamar para os últimos 19 anos, o setor imobiliário tem um vínculo maior com indicadores de renda e emprego – o que tem mantido o ramo aquecido mesmo em um cenário de política monetária restritiva.
+IPO da Max Titanium? CEO do Grupo Supley fala sobre eventual entrada na bolsa de valores
+‘Já tentei ter fábrica no Brasil, mas a conta não fecha’, diz Caito Maia, da Chilli Beans
Como exemplo, cita o ano de 2020, com Selic no menor patamar da história mas um Volume Geral de Vendas (VGV) que afundou em decorrência do receio da população com eventuais demissões e uma postura mais cautelosa diante da imprevisibilidade econômica.
“O mercado imobiliário é altamente dependente da confiança na capacidade de pagamento do imóvel. É o maior empréstimo que a família toma no Brasil e no mundo, e também por mais tempo. É o empréstimo mais longo que é absorvido. Então, dessa forma, ter confiança na renda, ter confiança na empregabilidade e no crescimento da economia é fundamental, mais importante até do que a taxa de juros si”, avalia o CEO da Moura Dubeux, que é a maior incorporadora do Nordeste.
“É óbvio que a taxa de juros desenquadra a renda, tira uma parcela da população, mas se não houver confiança, mesmo que o juro esteja baixo, a pessoa não toma um empréstimo”, completa.
A companhia tem surfado uma alta no VGV e no lucro nos últimos anos, a despeito de uma taxa de juros crescente.
No segundo trimestre de 2025 (2T25) a Moura Dubeux lucrou R$ 121 milhões, alta de 60% na base anual e cifra recorde para a companhia. O VGV foi de R$ 1,9 bilhão, representando crescimento de 192,4% em comparação ao mesmo trimestre de 2024.
A companhia assim surfa uma alta de 121% nas ações MDNE3 no acumulado deste ano. Desde janeiro de 2023, na esteira de resultados acima do esperado, a empresa salta 300% na bolsa de valores.
Moura Dubeux quer pulverizar portfólio
Apesar dos cerca de R$ 2 bilhões de VGV, a empresa quer aumentar ainda mais o portfólio – mas não necessariamente no mesmo nicho.
Já com presença no mercado de médio e alto padrão (MAP) no Nordeste, a companhia passa mirar o mercado de média e baixa renda, que agora é contemplado pela nova faixa do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Para não aumentar a elasticidade da carteira, a empresa lançou novas marcas para atender outros públicos desde 2023.
“Temos a Mood com 13 projetos. A Faixa 4 veio e pegou 50% dos nossos clientes da Mood, em cheio, enquadrando dentro do programa e aprovando mais crédito. Então é uma forma de incentivar e estimular ainda mais a atender uma demanda bastante carente da região”, explica..
Além da marca, a companhia lançou a Única no ano de 2024, que passa a lançar imóveis neste ano de 2025.
Mais dividendos?
Em um cenário de aumento da lucratividade, Diego Villar ainda cita que é cedo para pensar em um aumento de payout, mas o assunto segue no radar e deve tomar discussões no Conselho de Administração no ano que vem.
“Temos tem distribuído no mínimo R$100 milhões em dividendos por ano, em duas tranchas semestrais de R$50 milhões. A nossa lucratividade vem crescendo a cada trimestre e já estamos na casa dos 20% de retorno médio de patrimônio [ROE]. A gente quer expandir ainda mais, e aí a partir de meados do ano que vem a gente entra numa fase forte de geração de caixa”, explica.
“Nessa hora vamos ter um bom momento de decisão, se ainda fortalecemos mais a nossa estratégia de crescimento ou se aumentamos o pagamento de dividendos”, completa o CEO da Moura Dubeux.