20/06/2025 - 10:40
O fundador, CEO e único acionista do Telegram, Pavel Durov, afirmou que deixará sua herança tanto para seus filhos concebidos naturalmente como para os gerados por inseminação artificial a partir de doações feitas a um banco de esperma. Ainda segundo o executivo, a clínica na qual ele doa anonimamente afirmou que seu material genético já gerou mais de 100 bebês em 12 países diferentes.
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“Não faço distinção entre meus filhos: há os que foram concebidos naturalmente e os que vêm de minhas doações de esperma. Todos são meus filhos e terão os mesmos direitos! Não quero que se destruam após a minha morte”, disse Pavel Durov em uma longa entrevista ao jornal francês Le Point.
O CEO contou que elaborou seu testamento recentemente e incluiu uma cláusula para que os filhos só tenham acesso à herança 30 anos a partir de hoje. “Quero que vivam como pessoas normais, que se construam sozinhos, que aprendam a confiar em si mesmos, que sejam capazes de criar, e não que dependam de uma conta bancária”, explicou.
Pavel Durov tem apenas 40 anos e uma rotina de saúde intensa. Não consome açúcar, álcool, café ou chá. Não fuma. Afirma que faz todas as manhãs, sem pausas, 300 flexões seguidas por 300 agachamentos. Toma banhos de água fria. Em seu Instagram, as últimas publicações exibem mais de uma dezena de fotos do corpo sarado.
Ainda assim, ele contou que decidiu assinar seu testamento tão jovem por preocupações relacionadas a sua empresa. “Meu trabalho envolve riscos – defender liberdades rende muitos inimigos, inclusive dentro de Estados poderosos. Quero proteger meus filhos, mas também a empresa que criei, o Telegram. Quero que o Telegram permaneça para sempre fiel aos valores que defendo”, disse.
Seu desejo para o aplicativo de mensagens após sua morte é de que seja administrado por uma organização sem fins lucrativos. “Meu objetivo é garantir a continuidade da plataforma: quero que ela continue existindo de forma independente, respeitando a privacidade e a liberdade de expressão.”
Telegram e a liberdade de expressão
Pavel Durov chegou a ser preso na França em agosto de 2024 após acusações de que o Telegram seria conivente com crimes como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, fraude e até pedofilia. Mesmo após ser solto, ele teve de permanecer no país até março de 2025, quando recebeu uma autorização para partir de forma temporária.
Na entrevista, o CEO defendeu sua visão da empresa que comanda.
“Só porque criminosos usam nosso serviço de mensagens entre muitos outros, isso não torna quem o administra criminoso… Nunca foi provado nada que mostre que eu seja, mesmo por um segundo, culpado de qualquer coisa. Mas parece que já estou sendo punido nesta fase pela proibição de sair do território. Como se os juízes franceses entendessem que não há materialidade suficiente para uma condenação real depois e quisessem me punir hoje.”
O CEO criticou assim leis europeias que buscam combater a desinformação e crimes nas redes sociais. “Essas leis são perigosas porque podem ser voltadas contra aqueles que as criaram”, disse. “São precedentes que enfraquecem a democracia a longo prazo. Uma vez que você legitima a censura, é difícil voltar atrás.”
CEOs de big techs
Na entrevista, ele também comparou seu trabalho com outros CEOs de empresas de tecnologia. Afirmou que Elon Musk “pode ser muito emocional, enquanto eu tento pensar profundamente antes de agir. Mas isso também pode ser a fonte de sua força. A vantagem de uma pessoa muitas vezes pode se tornar uma fraqueza em outro contexto”.
Já sobre Mark Zuckerberg, disse que ele “se adapta bem e segue rapidamente as tendências, mas parece carecer de valores fundamentais aos quais permaneceria fiel”. Concluiu: “Novamente, o ponto forte e o ponto fraco de Mark podem ter a mesma origem.”
Ainda sobre o CEO da Meta, Durov afirmou que o WhatsApp copia tudo que o Telegram faz com cinco anos de atraso. “Já conheci Mark Zuckerberg. Respeito-o como líder empresarial, mas, com tantos recursos, ainda acho que eles poderiam mostrar mais imaginação.”