02/07/2020 - 13:33
A crise econômica gerada pelo coronavírus provocará o fechamento de mais de 2,7 milhões de empresas e a perda de 8,5 milhões de postos de trabalho na América Latina, estimou nesta quinta-feira a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal).
Do total de empresas que fechariam, quase a maioria – cerca de 2,6 milhões – corresponde a microempresas, o setor mais vulnerável da cadeia produtiva da região, indicou a Cepal, um organismo técnico das Nações Unidas com sede em Santiago, ao apresentar um estudo sobre a situação das empresas na região durante a pandemia.
O impacto segundo a Cepal será muito diferente de acordo com o setor e o tipo de empresa. Por exemplo, setores como comércio, hotéis e restaurantes, que possuem um grande número de micro e pequenas empresas, serão os mais atingidos.
Ainda de acordo com o estudo, o comércio perderá 1,4 milhão de empresas e quatro milhões de postos de trabalho formais, já que o turismo perderá pelo menos 290 mil empresas e um milhão de postos de trabalho.
“A crise atinge com maior intensidade os setores industriais potencialmente de maior dinamismo tecnológico, e portanto, aprofundará os problemas estruturais das economias na região. Isso significa que, se não forem implementadas políticas adequadas para fortalecer esses ramos produtivos, existe uma elevada probabilidade de que se crie uma mudança estrutural regressiva que conduzirá a retração das economias da região”, alertou Alicia Bárcena durante à apresentação do relatório.
Bárcena en la presentación del informe.El coronavirus ha dejado agregó Bárcena.
No México, uma das maiores economias da América Latina, a Cepal estima que cerca de 500.000 empresas serão fechadas, após uma queda acentuada de 11% em sua indústria de manufaturas nos primeiros quatro meses do ano.
No Brasil, a produção industrial caiu 8,2%, e na Argentina, 13,5%.
– Evitar fim da capacidade produtiva –
O coronavírus deixa aproximadamente 2,6 milhões contagiados e mais de 119 mil mortos na América Latina, e pode levar a economia da região para uma queda de 5,3% neste ano, segundo estimativas da Cepal.
De acordo com a Cepal, 34,2% do emprego formal e 24,6% do PIB da região correspondem a setores fortemente afetados pela crise decorrente da pandemia, enquanto menos de um quinto do emprego e do PIB são gerados em setores que seriam afetados apenas moderadamente.
Até agora, as empresas enfrentaram a crise adiando pagamentos e melhorando o acesso ao crédito. No entanto, “essas medidas pressupõem que as empresas gerarão lucros com os quais pagarão créditos, impostos e pagamentos adiados, mas as perspectivas não indicam que isso acontecerá dentro de alguns anos, já que, provavelmente, a recuperação do setor empresarial será lenta e gradual”, alerta a agência das Nações Unidas.
Nessa situação, a Cepal enfatiza a necessidade de dar uma resposta em larga escala para evitar a destruição de capacidades produtivas mediante a implementação de quatro medidas:
“Ampliar os prazos e o alcance das linhas de intervenção em matéria de liquidez e financiamento para as empresas, co-financiar o salário das empresas durante seis meses para evitar a perda da capacidade, realizar transferências diretas para os trabalhadores autônomos e apoiar as grandes empresas dos setores estratégicos que estejam sendo gravemente afetadas pela crise”.