A América Latina sofrerá em 2020 sua pior contração do PIB em mais de um século (-7,7%) pelo coronavírus, mas a reabertura dos comércios e os auxílios oficiais, que devem continuar, moderaram uma queda que se esperava mais profunda – declarou a Cepal nesta quarta-feira (16).

A Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) reduziu nesta quarta sua estimativa de queda do PIB regional de 9,1%, previsto em meados do ano, para 7,7%.

A reabertura gradual das economias nos últimos meses e as ajudas fiscais a famílias e empresas permitiram moderar as quedas da atividade, especialmente no Brasil, a maior economia regional, disse a Cepal, ao divulgar seu balanço anual sobre a região.

Para 2021, a região terá um crescimento de 3,7%, “mas não conseguirá recuperar os níveis de atividade econômica pré-pandemia”, algo que pode acontecer até 2024, afirmou em coletiva de imprensa virtual Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, um organismo técnico das Nações Unidas com sede em Santiago.

“A dinâmica do crescimento em 2021 está sujeita a uma grande incerteza relacionada ao risco de novos surtos da pandemia, à agilidade para produzir e distribuir as vacinas e à capacidade para manter os estímulos fiscais e monetários para apoiar a demanda agregada e os setores produtivos”, explicou Alicia.

A crise derivada da pandemia, que afetou a América Latina como nenhuma outra região do mundo, “será maior do que esperávamos”, o que pode impactar a estimativa de crescimento para o próximo ano, que reflete fundamentalmente um “rebote estatístico” após as impactantes quedas de 2020, continuou a Cepal.

Em 2020, todos os países da região terminarão com quedas em seu PIB, após o severo impacto das medidas de fechamentos de comércio, fronteiras e atividades produtivas, decretadas para conter o avanço dos casos de coronavírus.

A queda registrada pela economia do Paraguai será a menos profunda, com 1,6%, enquanto a Venezuela registrará o pior desempenho, com uma queda de 30%, seguida pelo Peru, com um declínio de 12,9%, de acordo com a Cepal.

O Brasil, a maior economia regional, registrará uma contração de 5,3%, enquanto a queda no México será de 9%.