Estão em curso no mundo dois movimentos que não têm como resultar em escolhas agradáveis. Enquanto a população mundial deve ter um adicional de mais de 2 bilhões de pessoas até 2050, segundo dados da Organização das Nações Unidas, o planeta está à beira da falência pelo excesso do uso de seus recursos naturais.

Para alimentar o excedente populacional já projetado, a produção deveria crescer 70%. Mas a ciência prova que se a vegetação nativa ainda restante não for preservada, a temperatura do mundo aumentará e o calor vai tornar regiões do mundo inabitáveis. Entre as áreas em risco estão as tropicais, como o Cerrado.

No segundo maior bioma brasileiro a velocidade de transformação do uso da terra por atividade humana cresce a passos largos. Segundo estudo do MapBiomas, a região conhecida como a savana brasileira teve 27,9 milhões de hectares de mata nativa modificada pelo homem entre 1985 e 2021, sendo que 30,6% da interferência aconteceu nos últimos dez anos, o que levou a uma perda de 21%.

Risco para um reservatório aquífero relevante e para as 1.627 espécies nativas, das quais 440 endêmicas, que existem apenas naquele local. Em outras palavras, um dilema em que de um lado existe o risco para o planeta e de outro uma alternativa para a produção de alimentos.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1291 da Revista Dinheiro)