Regulamentados em setembro do ano passado, os Certificados de Operações Estruturadas (COE), movimentaram R$ 22,2 milhões na segunda-feira 6, sua estréia nas redes dos bancos, segundo dados da empresa de negociação e registro de títulos financeiros Cetip. A estimativa do mercado é que, no primeiro mês de operação, os bancos captem R$ 120 milhões por meio dos COE

Antes que o Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamentasse esse instrumento, os bancos que preparavam aplicações financeiras sofisticadas para seus clientes tinham de registrar cada um dos investimentos individualmente. Assim, essas aplicações, conhecidas como notas estruturadas, e que em geral agrupam títulos de renda fixa e derivativos de câmbio ou de ações, necessitavam de registros detalhados e trabalhosos, o que dificultava sua estruturação pelos bancos. A partir de agora, tudo poderá ser feito com apenas um contrato. Segundo a Cetip, as operações estruturadas, antes do COE, acumulam R$ 8 bilhões no Brasil.

 

 

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As operações estruturadas, antes do COE, acumulam R$ 8 bilhões no Brasil

 

O Itaú BBA foi o primeiro dos seis bancos que emitiram COE na segunda-feira 6. Felipe Soarez, chefe da área de estruturação e produtos derivativos do Itaú BBA, diz que a nova forma de captação não se resume a um produto em si, mas à simplificação das operações estruturadas. ?Ganhará o investidor que poderá acompanhar de forma clara a estratégia do banco e o regulador que terá maior controle sobre as operações.? Soarez também falou sobre as estimativas do banco para o certificado e como o mercado deverá fazer uso dessa nova ferramenta de captação. A seguir, os principais pontos da entrevista:

 

DINHEIRO ? Quais vantagens o COE oferece para o investidor?

Felipe Soarez ? As mais importantes são transparência e flexibilidade. Antes, quando fazia uma operação estruturada, o cliente contratava duas ou três operações e as informações não eram centralizadas. Agora, ele terá de acompanhar apenas uma operação com todos os instrumentos para poder verificar a estratégia do banco. Isso também facilita o trabalho do regulador, que vai acompanhar com mais facilidade a execução dos investimentos.

 

DINHEIRO – Muitos especialistas esperam uma massificação dos COE, mas em geral as notas estruturadas são adquiridas por investidores qualificados. Quem vocês esperam atender?

Soarez ? Não gosto da palavra massificação. Em alguns casos pode fazer sentido trabalhar com emissões em quantidade, mas no caso do COE, isso será mais exceção do que regra. É muito mais um instrumento sob medida, cuja flexibilidade vai tornar mais fácil atender as necessidades dos clientes.

 

DINHEIRO – O COE vai substituir outras formas de captação?

Soarez – Ele não deve mudar o processo de captação. Olhando globalmente, as operações estruturadas representam de 10% a 12% das captações em todo mundo, algo equivalente a US$ 2 trilhões por ano. No Brasil, elas não chegam a 1% do mercado. O COE não deverá substituir produtos como CDB, LCI ou letra financeira. Ele não é simplesmente um novo instrumento de captação, mas possui um processo próprio e sofisticado e que vai ajudar a tornar a captação mais eficiente e simples do que era feito anteriormente.

 

DINHEIRO – Qual a perspectiva para o crescimento dos COE nos próximos anos?

Soarez ? A captação deve chegar a R$ 100 milhões no primeiro mês, mas os COE são um produto novo, e leva um tempo para que equipes de atendimento e clientes se sintam confortáveis. É como ocorreu no caso dos fundos imobiliários, em que a indústria levou quase sete anos para evoluir. Se os COE reproduzirem esse sucesso, eles deverão representar 10% das captações em cinco anos. Atualmente esse mercado movimenta R$ 8 bilhões por ano, e ele deve triplicar de tamanho nesse período. Será um produto relevante, mas não dominante.

 

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