Entrando pelas portas do enorme Las Vegas Convention Center, anualmente um mundo de novidades ganhava espaço nobre e customizado e o setor que mais se beneficiava disso sempre no começo do ano era o de produtos eletrônicos, ou CES, Consumer Electronics Show. O que aparecia ali, era o que você iria querer – e muito – consumir naquele ano e nos anos futuros, tal o grau de avanço projetado pela indústria, que adorava a “boa bagunça” da feira.

“Adorava”, no passado, pois estamos no terceiro ano da pandemia, e a CES, em sua 38a edição, de 5 a 7 de janeiro, torcia por uma volta aos seus dias de glória, com milhares de pessoas do mundo todo passando por seus stands, mídia em peso e clientes-expositores felizes com a badalação do evento. Não aconteceu exatamente assim, e já na abertura empresas de porte como Amazon, Microsoft, Intel, Google, GM, Meta cancelaram suas participações presenciais.

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A BMW foi uma, mas nem assim isso a impediu de exibir um vídeo com seu carro que “muda de cor”, o iX Flow com tecnologia E Ink – claro que presencialmente um enorme público o cercaria para fotos e posts em redes sociais. A Sony não abriu mão, e levou seu SUV elétrico Vision-S 02 para ser clicado e comentado na abertura da feira – sim, a especialista em entretenimento quer entrar com força no mercado de carros elétricos, e a CES é o lugar perfeito para mostrar essa passagem.

Os organizadores acreditavam que os protocolos todos exigidos, como vacinação completa e teste de Covid-19, mitigariam qualquer receio, mas os recordes de infecção esvaziaram o centro de convenção, como se viu em fotos nos dois primeiros dias.

É um revés para a indústria, que viu a primeira CES acontecer em Nova York em 1967. A edição 2022 tem registradas 210 companhias da prestigiada lista Fortune Global 500, dentro de 44 categorias tecnológicas catalogadas – e muitas vão fazer suas apresentações no formato digital.

Com 160 países representados, mais de 25% dos visitantes que haviam se registrado, antes dos cancelamentos de expositores, eram estrangeiros. O resultado da feira será positivo, do ponto de vista de exposição (basta ver a cobertura da mídia), e certamente de reserva de espaço dos expositores, que já haviam se comprometido e cancelaram suas presenças por iniciativa própria. Mas uma parte da graça, do grande show ao vivo, vai ficar realmente para 2023.