28/09/2001 - 7:00
As nuvens negras que surgiram no horizonte das companhias aéreas parecem não amedrontar o empresário Aramis Maia. Dono da pequena Nacional Transportes Aéreos, ele ignorou a turbulência atual do setor e manteve-se firme na rota de expansão. ?É na crise que surgem as oportunidades?, diz o empresário. Maia inaugurou a empresa em dezembro passado, operando vôos charters de São Paulo para capitais nordestinas. Em maio, invadiu o Centro-Oeste. Agora, o grande salto: de uma só vez entra no Sul do País (Porto Alegre e Florianópolis) e fará seu début no mercado externo. No próximo dia 20, a Nacional inaugura seu primeiro trecho internacional, ligando Córdoba (Argentina) a Salvador. A frota atual, composta por dois Boeings 737-200, vai ser duplicada. Até meados de novembro, ele espera receber um 737-200 e outro 737-400, com capacidade para 170 passageiros. Maia também aguarda a autorização do Departamento de Aviação Civil (DAC) para transformar a Nacional em companhia regular. Com isso, a empresa aumentará a representatividade junto aos órgãos internacionais.
É uma nova Nacional até no endereço. A sede da empresa, hoje instalada em um acanhado conjunto de salas, no centro da cidade de São Paulo, vai mudar para um prédio de 12 andares na região da Avenida Paulista. Em apenas 11 meses, a companhia já mostrou que tem fôlego para brigar com as veteranas do setor. Maia não revela quanto está investindo na expansão do negócio. Diz apenas que os recursos necessários para levar a Nacional ao topo saem de seu bolso. O empresário espera encerrar o primeiro ano de atividade com equilíbrio operacional. Para 2002, a meta da Nacional é expandir a frota para 10 aviões. Sua crença nesse segmento tem raízes no tempo em que viveu em Queensland (Austrália), para onde seguiu, em 1976, para ajudar o tio ? o lendário pecuarista Tião Maia ? a erguer um império avaliado em mais de US$ 100 milhões, composto por fazendas de gado e empreendimentos imobiliários. Lá, Aramis Maia estudou o sucesso das companhias regionais de aviação, e resolveu trazer o modelo ? que combina baixo valor da tarifa, estrutura de custo enxuta e eficiente ? para o Brasil. Com preços imbatíveis (o trecho Salvador-São Paulo custa R$ 269,00) ele começa a incomodar a concorrência. Apesar dos planos ambiciosos, Maia diz que a cautela é quem guia seus passos: ?Tenho os pés no chão?, garante.