A desvalorização do real, que derrubou em um terço os gastos dos turistas brasileiros no exterior –  de US$ 25,8 bilhões, em 2014, para US$ 17,4 bilhões, no ano passado – foi, sem dúvida, um tremendo alívio para o balanço de pagamentos do País. Já para a CVC, a maior operadora brasileira de viagens, comandada pelo CEO Luiz Eduardo Falco, foi uma poderosa vitamina, que a manteve na rota do crescimento, a despeito das turbulências do período.

Basta ver os números divulgados nesta quinta-feira, 18. Em 2015, a companhia, controlada desde 2009 pelo grupo americano Carlyle, contabilizou R$ 5,2 bilhões de reservas embarcadas, um crescimento de 12,1% sobre o exercício anterior, que resultaram numa receita líquida de R$ 813 milhões (aumento de 14% em relação a 2014). 

Esse desempenho se refletiu tanto na melhora do lucro, que passou de R$ 175 milhões para R$ 204 milhões, quanto do Ebitda de R$ 428 milhões, bem como na participação de mercado, que aumentou 0,5 ponto percentual, para 12,7%. “Nossa proposta de valor e forte reconhecimento da marca permitiram à CVC a ampliar seu market share”, diz Falco. Ex-presidente da operadora de telefonia celular OI, o executivo está no posto atual desde março de 2013. 
       
Esses resultados vistosos foram comemorados devidamente pela Bolsa de Valores, ávida por boas notícias num tempo de paradeira nos negócios: no pregão da própria quinta-feira, os papéis da CVC, cuja cotação chegou a subir 8%, fechou a jornada com 6,4%, a R$ 11,80, com valor de mercado de R$ 1,54 bilhão.
 
Segundo Falco, o desempenho da CVC é fruto de um tripé estratégico: por um lado, um severo enxugamento de custos – na área de pessoal, por exemplo, 14% do quadro de funcionários foi cortado. Por outro, a busca de novas fontes de receitas, tais como a comercialização de seguros, ingressos, aluguel de carros e city tours. “Esses produtos auxiliares reforçam o nosso posicionamento como um prestador de serviço completo no segmento de turismo”, afirma ele.

O terceiro tripé é a continuidade do plano de investimentos. Noventa novas lojas foram abertas no ano passado – 50 delas no último trimestre, totalizando 1004 unidades em operação. “A milésima loja  foi inaugurada no dia 17 de dezembro em Piripiri, no Piauí, cidade com 62.650 habitantes, evidenciando a oportunidade da CVC de expandir sua rede para novas localidades no Brasil”, diz. “Atualmente, as cidades do interior representam cerca de 50% do total de reservas confirmadas.” 

Para os próximos anos, a ideia é reforçar a rede de franqueados, com a abertura de 300 lojas até 2018. Nesse departamento, houve uma novidade. Acostumada ao crescimento orgânico de sua rede, a CVC quebrou o tabu, no ano passado, investindo numa política de aquisições. No início do segundo semestre de 2015, pagou R$ 208 milhões por 51% do capital da RexturAdvance, operadora especializada no segmento corporativo, dona do site Reserva Fácil. Em seguida, foi a vez da  Submarino Viagens, visando reforçar sua posição no comércio online. Com isso, o grupo liderado pela CVC respondeu por R$ 8,6 bilhões em reservas confirmadas.