Uma hamburgueria de Curitiba, no Paraná, resolveu apostar na tecnologia para conquistar clientes e atrair investidores estrangeiros. Como? Com um “chapeiro robô”, uma máquina com inteligência artificial que produz os hambúrgueres na cozinha sob demanda.

Parece coisa de filme futurista, mas não é. A Rob’s Burger & Chickens, que hoje conta apenas com uma unidade na capital paranaense, tem atraído muitos clientes que querem ver um robô preparado seu alimento. A foodtech, que começou sua produção no início de 2023, tem chamado a atenção de investidores brasileiros e estrangeiros para expandir sua atuação.

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O cenário também ajuda. Com o retorno ao trabalho presencial e a dinâmica social cada vez mais atribulada, o consumo de “fast food” no Brasil aumentou no primeiro trimestre deste ano. De acordo com um levantamento da Kantar, 13,7 milhões de brasileiros recorreram a estabelecimentos dedicados a lanches rápidos, superando em 10,4% o número do ano passado, de 12,4 milhões.

Para desenvolver a hamburgueria automatizada, os criadores do negócio, entre eles o CEO e sócio-fundador da Rob’s, Fábio Cardoso, realizaram pesquisas para desenvolver uma tecnologia capaz de padronizar a produção otimizando o tempo.

“E a inovação não ficou restrita ao formato, já que boa parte dos equipamentos utilizados, com exceção do braço mecânico que Flipa hambúrguer na chapa, foi desenvolvida do zero, com auxílio de equipe multidisciplinar”, explica Cardoso.

Ainda segundo o CEO da empresa, o processo todo, da concepção da ideia ao desenvolvimento do negócio, levou quase dois anos. Cardoso diz que o objetivo em contar com robôs chapeiros é conectar mais a fundo a experiência do cliente. O propósito, segundo outro sócio-fundador da marca, Eduardo Amaral é colaborativo, no qual os funcionários podem focar mais no atendimento ao cliente.

“Não estamos falando sobre substituir os humanos, mas sim utilizar robôs para ajudá-los em tarefas e processos cansativos. O Rob’s acredita que a robotização ajudará a deixar o ambiente da cozinha menos insalubre para as pessoas, direcionando-as para um setor de avaliação de qualidade do produto”, acrescenta Amaral.

Ainda para o executivo, a empresa vai além da inovação tecnológica. A proposta, diz, é elevar a qualidade dos insumos, para entregar “sanduíches perfeitos”, por meio de receitas autorais e artesanais. Por se tratar do primeiro ano de negócio, a expectativa é fechar 2023 no azul e multiplicar o faturamento em 2024 em até 10x.

Interesse estrangeiro

Para formatar o negócio e colocá-lo na prática, os sócios investiram de cerca de R$ 2,5 milhões. A previsão da foodtech é chegar ao fim do ano com pelo menos R$ 100 mil no caixa. A hamburgueria atraiu investidores estrangeiros, cujos nomes não foram informados, focados na expansão do negócio. Tanto que a Rob’s possui até um valuation estabelecido, de aproximadamente R$ 20 milhões.

“Por enquanto, temos apenas uma unidade em Curitiba. Estamos estudando a expansão da Rob’s para as capitais do Sudeste e outras cidades do Sul para 2024”, comentou Amaral.

Tendências

Você já ouviu falar em foodtech? Esse segmento é caracterizado por empresas do setor de alimentos que aplicam ideias disruptivas para transformar a forma como os alimentos são produzidos em seus negócios. Cada vez mais comum em mercados do primeiro mundo, o mercado robótico tem registrado expansão em todo o mundo, se tornando uma tendência na automação de tarefas, além de, no médio a longo prazo, trazer a economia de recursos por parte da empresa que adota a tecnologia.

Até o final de 2023, por exemplo, a indústria global de robótica deverá ultrapassar a marca de US$ 37 bilhões de dólares e, mantida a projeção de crescimento de 3,8% ao ano, alcançará o valor de US$ 45 bilhões até o final de 2028. Os dados são de relatório publicado pelo site de inteligência de mercados Statista.

O estudo mostra que a tendência de simplificação das máquinas é outro fator que está impulsionando o crescimento do mercado de robótica. Os países que mais investem neste tipo de tecnologia são Estados Unidos e China. O primeiro já ultrapassou a marca de US$ 7 bilhões em investimentos na área. Já o país asiático registrou cerca de US$ 6,3 bilhões investidor na área. O Brasil, por enquanto, não figura entre os dez países com maiores investimentos em robótica.