22/06/2020 - 9:47
Em 22 de junho de 1990, o Checkpoint Charlie, emblemático posto de fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental, foi desmontado. Trinta anos depois, o ponto, um reduto da Guerra Fria, ainda não conseguiu encontrar uma maneira de se reinventar.
Cinco coisas importantes a saber sobre o famoso posto de controle, que aparece, por exemplo, no filme de James Bond “007 contra Octopussy”, de 1983:
– Alfabeto da Otan –
O posto de fronteira foi estabelecido pelos Aliados em setembro de 1961, coincidindo com a construção do Muro de Berlim, que separou a capital alemã por quase 30 anos entre sua parte comunista, no leste, e sua metade ocidental. O nome é devido ao alfabeto fonético da Otan, C, como Charlie.
Até a reunificação do país, em 1990, era o ponto de passagem mais importante para estrangeiros e diplomatas. Também foi um local de troca de prisioneiros.
O Checkpoint Alpha (A), o ponto de passagem mais importante entre os dois blocos, estava localizado em Helmstedt, e o Checkpoint Bravo (B) ficava em Dreilinden, na entrada de Berlim Ocidental.
– Fugas espetaculares –
O Checkpoint Charlie foi palco de várias tentativas ousadas de alemães de fugir do leste para o oeste que até inspiraram filmes.
Por fim, representava a única abertura no muro de concreto e arame farpado que separava a cidade.
Em abril de 1962, o austríaco Heinz Meixner conseguiu passar pelo controle ao volante de um conversível com sua noiva de Berlim Oriental e sua futura sogra. Ele conseguiu reduzir tanto a altura do veículo que passou por baixo da barreira e quando os guardas perceberam já estava do outro lado.
– Músico que toca tuba –
Todos os berlinenses conheciam seu rosto, que aparece em milhões de fotos de lembranças.
O soldado cujo retrato é visto hoje no antigo Checkpoint Charlie é um ex-músico que tocava tuba no exército americano chamado Jeff Harper. Ele tinha 22 anos quando foi fotografado para uma série de comemorações dos últimos soldados aliados em Berlim em 1994.
Seu retrato foi posteriormente escolhido para ser exposto no local, próximo ao de um soldado soviético.
– Tanques –
Em 27 de outubro de 1961, dezenas de tanques e soldados se enfrentaram por 16 horas após um problema sobre a livre circulação de cidadãos de países aliados entre as duas partes da cidade.
Os soviéticos queriam registrar um diplomata norte-americano que desejava entrar em Berlim Oriental, contra os acordos então vigentes.
O presidente americano John F. Kennedy e o líder soviético Nikita Kruschev finalmente deram a ordem para remover os tanques antes que o incidente provocasse uma nova guerra.
– Plano futuro –
Após a reunificação alemã, o Checkpoint Charlie foi transformado em uma espécie de parque temático sobre a Guerra Fria, onde os vendedores de lembranças ofereciam chapéus típicos da Rússia, máscaras de gás de plástico ou soldados de brinquedo americanos. Era um local imperdível para quem visitava Berlim.
A prefeitura não gostava muito do comércio, que começou a cercar o local, e debate há muitos anos o destino que deveria ser dado ao ponto emblemático.
O projeto mais recente é a construção de pequenos edifícios nos quais 30% das casas serão de moradias sociais, uma praça pública e um verdadeiro museu da Guerra Fria.