03/03/2022 - 13:01
O chefe da agência da ONU que supervisiona a energia atômica viajará ao Irã no sábado (5) para “se reunir com altos funcionários” de Teerã em meio a negociações do acordo nuclear, informou o organismo nesta quinta-feira (3).
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, dará uma entrevista coletiva ao retornar do Irã, disse um porta-voz da agência com sede em Viena.
Este anúncio ocorre um dia depois de Grossi prometer que a AIEA “nunca abandonará” seus esforços para que o Irã esclareça a presença de material nuclear em vários locais não declarados.
O Irã quer o encerramento da investigação para selar um novo acordo nuclear e retomar o pacto internacional de 2015 sobre seu programa nuclear.
As conversas que ocorrem em Viena estão em um ponto crucial e muitos observadores acreditam que os próximos dias serão fundamentais para avançar ou terminar em fracasso.
Os representantes do Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia negociam com o Irã desde novembro de 2021 para retomar o acordo nuclear selado em 2015 por esse grupo de potências juntamente com os Estados Unidos, que durante o governo de Donald Trump se retiraram.
Após a retirada de Washington, o Irã começou a se afastar progressivamente dos compromissos que selaram o acordo que beneficiou Teerã com o levantamento das sanções econômicas impostas por seu programa nuclear.
A AIEA vem pressionando o Irã há anos para explicar relatos de vestígios de material nuclear em quatro locais diferentes no país.
Nesta quinta-feira, a agência da ONU divulgou um relatório no qual estima que as reservas de urânio enriquecido do Irã são mais de 15 vezes superiores aos limites autorizados. Segundo o documento, em fevereiro, a República Islâmica havia acumulado 3.197,1 kg no total, contra 2.489,7 em novembro.
O acordo de 2015 proíbe o Irã de enriquecer urânio acima de 3,67%, mas esse é um dos vários compromissos que o governo iraniano não cumpriu.
O relatório da AIEA desta quinta-feira estima que o Irã teria reservas de 182,1 quilos de urânio enriquecido a 20% (contra 113,8 quilos em novembro) e 33,2 quilos de urânio enriquecido a 60% (em novembro eram 17,7 quilos).
O limite de refinamento de urânio necessário para uma aplicação militar é de 90%.