Mauro Vieira foi convidado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para iniciar tratativas após reunião entre Trump e Lula. Presidente brasileiro diz que negociações estão “em outro momento”.O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi convidado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, para um encontro presencial em Washington, onde devem iniciar as conversas sobre o tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump aos produtos brasileiros. A data ainda não foi definida.

Segundo comunicado do Itamaraty, os dois conversaram por telefone nesta quinta-feira (09/10). “Após diálogo muito positivo sobre a agenda bilateral, acordaram que equipes de ambos os governos manterão reunião proximamente em Washington, em data a ser definida, para dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países”, diz a nota.

O encontro foi organizado após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunir por videoconferência com seu homólogo americano Donald Trump, abrindo caminho para negociações sobre a disputa comercial entre os dois países.

Na ocasião, Lula pediu para Trump revogar as tarifas extras sobre o Brasil, que chegam a 50% sobre alguns produtos, e também as sanções contra autoridades brasileiras.

O encontro foi descrito como positivo por ambas as partes e Rubio, que chefia a diplomacia dos EUA, foi designado pela Casa Branca para dar continuidade às tratativas.

Os dois presidentes trocaram números de telefone para estabelecer uma via direta de comunicação e também devem se encontrar pessoalmente no futuro.

Lula elogia conversa com Trump

Em entrevista à rádio Piatã, da Bahia, nesta quinta-feira, Lula disse que “agora começa um outro momento” nas negociações. “Nós somos dois senhores de 80 anos, presidimos as duas maiores democracias do Ocidente e precisamos passar para o resto do mundo cordialidade e harmonia, e não discórdia e briga”, disse, elogiando a cordialidade de Trump na conversa.

“Talvez comece a ter conversa a partir de agora e vamos ver se a gente consegue se acertar, porque o Brasil não quer briga com os Estados Unidos.”

Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil vai oferecer os melhores argumentos econômicos para que os Estados Unidos revertam o tarifaço. O principal deles, segundo o ministro, é que a medida está encarecendo a vida do povo americano.

Haddad ainda indicou que investimentos dos EUA no Brasil podem entrar na negociação, como aqueles focados em transformação ecológica, terras raras, minerais críticos e energia limpa.

Guerra comercial americana

O tarifaço imposto ao Brasil faz parte da nova política da Casa Branca de elevar as tarifas contra parceiros comerciais. No dia 2 de abril, Trump impôs barreiras alfandegárias a países de acordo com o tamanho do déficit que os Estados Unidos têm com cada nação. Como os EUA têm superávit com o Brasil, na ocasião, foi imposta a taxa mais baixa, de 10%.

Porém, em 6 de agosto, entrou em vigor uma tarifa adicional de 40% contra o Brasil em retaliação a decisões que, segundo Trump, prejudicariam as big techs estadunidenses e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por liderar uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022.

Entre os produtos sobretaxados pelos Estados Unidos estão café, frutas e carnes. Inicialmente, cerca de 700 itens (45% das exportações do Brasil aos EUA) como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes ficaram isentos.

gq/ra (Agência Brasil, ots)