19/10/2020 - 9:21
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, acredita que é possível dialogar com alguns grupos jihadistas no Sahel, mas não com os mais “radicais” como o Estado Islâmico (EI), uma questão em debate no Mali, disse ele em uma entrevista à imprensa francesa.
“Haverá grupos com os quais poderemos falar e que terão interesse em participar deste diálogo para tornarem-se atores políticos no futuro”, declarou em uma entrevista ao jornal francês Le Monde para a edição de terça-feira.
“Mas ainda há aqueles que têm um radicalismo terrorista tão grande que não será possível fazer nada com eles”, acrescentou, citando o exemplo do EI, ausente das negociações de paz no Afeganistão.
O comissário da União Africana (UA) para a Paz e a Segurança, Smaïl Chergui, pediu em 14 de outubro para “explorar o diálogo com os extremistas” no Sahel para “silenciar as armas”, seguindo o exemplo do acordo alcançado entre Estados Unidos e os talibãs afegãos em 29 de fevereiro.
O governo do Mali trocou recentemente cerca de 200 prisioneiros por quatro reféns – um líder da oposição maliense, Soumaila Cissé, a francesa Sophie Pétronin e dois italianos–, o que reacendeu as especulações sobre a retomada dos contatos com os jihadistas.
“No Afeganistão, existe um grupo terrorista com o qual é impossível dialogar e este é o Estado Islâmico. Sua visão é tão radical que não há perspectivas de discussão”, afirmou Guterres.
O chefe das Nações Unidas também destacou que “as disposições de segurança vigentes não são suficientes” no Sahel e pediu “mais solidariedade internacional” para esta região.