Por Patricia Zengerle e Jonathan Landay e Michael Martina

WASHINGTON (Reuters) – A China aprofundará sua cooperação com a Rússia para tentar desafiar os Estados Unidos apesar da condenação internacional à invasão da Ucrânia por Moscou, disseram líderes de agências de inteligência norte-americanas nesta quarta-feira.

“Apesar da reação global negativa sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, a China manterá sua cooperação diplomática, de defesa, econômica e tecnológica com a Rússia para continuar tentando desafiar os Estados Unidos, mesmo que isso limite o apoio público”, disseram eles em uma avaliação de ameaça divulgada enquanto o Comitê de Inteligência do Senado norte-americano realizava sua audiência anual sobre ameaças mundiais à segurança dos EUA.

O relatório se concentrou principalmente em ameaças vindas da China e da Rússia, avaliando que a China continuará intimidando seus rivais no Mar do Sul da China e que terá como base ações de 2022, que podem incluir mais travessias do Estreito de Taiwan ou sobrevoos de mísseis em Taiwan.

“Talvez seja desnecessário dizer que a República Popular da China, que está desafiando cada vez mais os Estados Unidos, econômica, tecnológica, política e militarmente, em todo o mundo permanece sendo nossa prioridade sem igual”, disse a diretora de Inteligência Nacional, Avril Haines, principal conselheira de inteligência do presidente norte-americano, Joe Biden.

Para cumprir a visão do líder chinês, Xi Jinping, de tornar a China uma grande potência, o Partido Comunista Chinês (PCC) “está cada vez mais convencido de que só pode fazê-lo às custas do poder e influência dos EUA”, disse Haines.

Xi culpou o Ocidente pelas dificuldades econômicas da China em um discurso na segunda-feira no qual acusa os Estados Unidos de liderarem um esforço internacional para conter a China.

Durante as perguntas dos parlamentares, o senador Angus King, um independente que se alinha com os democratas, pediu a opinião de Haines sobre os laços de Pequim com Moscou. “É um casamento temporário de conveniência ou é um caso de amor de longo prazo?”, perguntou.

“Ele continua se aprofundando”, respondeu Haines, acrescentando que hesitaria em caracterizar os laços Pequim-Moscou como um caso de amor.

(Reportagem de Patricia Zengerle, Jonathan Landay, Michael Martina e Doina Chiacu)

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