O primeiro voo com afegãos que trabalharam para as tropas americanas no país asiático aterrissou nesta sexta-feira (30) nos Estados Unidos – anunciou o presidente Joe Biden, no início de uma operação para evacuar milhares de pessoas ante possíveis represálias por parte dos talibãs.

Cerca de 20.000 afegãos trabalharam para os Estados Unidos após a invasão de 2001, na esteira dos ataques do 11 de Setembro. Uma grande maioria solicitou a evacuação, depois que o Departamento de Estado criou um programa de vistos especiais para imigrantes.

Algumas estimativas sugerem que o número total de evacuados em potencial no âmbito deste programa possa chegar a 100.000, incluindo familiares dos colaboradores.

Muitos deles temem represálias e perseguições dos talibãs. O grupo conseguiu conquistar uma vasta área do país desde que as tropas estrangeiras iniciaram a última etapa de uma retirada que deve ser concluída no final de agosto.

“Hoje é um marco importante, pois continuamos cumprindo nossa promessa (feita) a milhares de cidadãos afegãos que trabalharam lado a lado com as tropas e com a diplomacia americanas nos últimos 20 anos no Afeganistão”, declarou o presidente Joe Biden, conforme comunicado divulgado pela Casa Branca.

Russ Travers, funcionário do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, disse que os primeiros a chegar (cerca de 200) serão submetidos a controles de saúde e a outros processos antes de serem enviados para seus novos lares em diferentes partes do país.

“Todos concluíram rigorosos controles de segurança feitos pela comunidade de Inteligência e pelos Departamentos de Estado e de Segurança Interna”, afirmou Travers.

A diretora do Grupo de Trabalho sobre Afeganistão do Departamento de Estado, Tracey Jacobson, informou que este grupo será transferido para a base militar de Fort Lee, perto de Petersburg, na Virgínia.

“Todos foram submetidos a testes de covid-19, fizeram um exame de aptidão para voar e oferecemos vacinas em Cabul àqueles interessados em recebê-las”, declarou Jacobson à imprensa.

“Também oferecemos essas vacinas em Fort Lee”, completou.

Depois, com a ajuda da Organização Internacional para Migrações (OIM), das Nações Unidas, eles serão encaminhados para novos lares – em alguns casos, com parentes que já residem nos Estados Unidos.

– “Tempos difíceis” –

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, reiterou na quinta-feira (29) o compromisso de Washington com os afegãos que trabalharam para a missão dos Estados Unidos no Afeganistão.

“Os Estados Unidos se comprometem a ajudar aqueles que nos ajudaram em tempos difíceis no Afeganistão nos últimos 20 anos: tradutores e intérpretes”, afirmou Blinken, durante sua visita ao Kuwait.

A Casa Branca disse, por sua vez, que levará tempo para processar o pedido de cada solicitante e de sua família.

“Temos a total intenção de continuar este programa após a retirada das tropas” em 31 de agosto, prometeu Jacobson.

“Vamos transferir essas pessoas o mais rápido que for possível, do ponto de vista logístico”, acrescentou.

Jacobson disse ainda que o governo americano estuda como ajudar os afegãos que não preenchem os critérios para se candidatarem ao programa de visto, mas que também enfrentam ameaças dos talibãs, como mulheres líderes, ativistas de direitos humanos e jornalistas.

“O governo está considerando um leque de opções”, completou.

O Congresso dos Estados Unidos aprovou por unanimidade, na quinta-feira (29), a dotação de US$ 1,1 bilhão para financiar a chegada dos afegãos que apoiaram a missão americana. O texto ainda terá de passar pela Câmara dos Representantes, onde deve ser aprovado. Na sequência, segue para assinatura do presidente Joe Biden.