O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) emitiu o último alerta de cheia de 2017 que indica que o nível do Rio Negro, em Manaus, deve ficar entre 28,29 e 29,46 metros. A previsão é 2 metros superior em relação à cheia registrada no ano passado. Na medição de hoje (31) foi verificada a cota de 28,96 metros, faltando pouco para alcançar a cota de emergência, que é de 29 metros. Apesar disso, a cheia deste ano não deve superar a de 2012, a maior da história, quando o nível chegou a 29,97 metros. A preocupação deste ano, segundo o superintendente do CPRM, Marco Antônio Oliveira, é que as águas do Rio Negro vão ficar elevadas por um período maior.

“O processo de cheia do Rio Negro aqui em Manaus continua evoluindo. O Rio Negro encontra-se represado pelo Rio Solimões. Embora haja uma estabilização na cheia do Solimões, vai depender muito aqui pra Manaus as águas que vão descer pelo Rio Negro. Se chover dentro da média, vai ser uma cheia que vai evoluir de forma mais lenta. No entanto, é preciso alertar a população que o rio já ultrapassou a cota de alerta e esse tempo de permanência das águas altas deve continuar por, pelo menos, mais 20 a 25 dias”, ressaltou o superintendente.

A Defesa Civil do município informou que já construiu mais de 2 mil metros de passarelas em sete bairros para o caso de alagamentos. As águas já atingiram a casa do comerciante Francisco Freitas, no bairro Presidente Vargas, zona leste da cidade. “Aí você vive debaixo d’água, nesse aguaceiro, por cima de ponte, carregando garrafão de água para não ter que beber essa água suja. É um sofrimento”, afirmou o morador.

Segundo o chefe da divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Ricardo Dalarosa, choveu menos em maio em relação a abril na capital amazonense e a tendência é de diminuição nas próximas semanas.

“A expectativa não é de chuvas com volumes muito elevados porque nós estamos começando a estação seca. Claro que no início da estação seca ainda temos eventos como ontem, que choveu em torno de 50 mm, em um período relativamente curto. Isso faz parte do período de transição. Alguns dias de sol forte, temperaturas elevadas e de repente uma tempestade com volume significativo”, explicou Dalarosa.

Emergência

A cheia dos rios no Amazonas levou 32 municípios a decretarem situação de emergência. Mais de 57 mil famílias já foram afetadas e os números podem aumentar, de acordo com o secretário-executivo da Defesa Civil estadual, coronel Fernando Pires Júnior.

“Está dentro do que era previsível: hoje temos 32 municípios em situação emergência e estamos esperando mais. Nossos olhares estão voltados para a calha do Rio Negro, especialmente Manaus, e para a calha do Rio Amazonas. A previsão é de que os rios continuem a subir nas calhas, as cotas de alerta já foram ultrapassadas e estamos esperando agora as cotas de emergência e obviamente o efeito nas famílias que vivem nessas calhas”, destacou o coronel.

A Defesa Civil do Amazonas informou que os municípios em situação de emergência estão recebendo ajuda humanitária composta de alimentos, medicamentos, kits de higiene e limpeza e hipoclorito de sódio para purificação da água. As famílias também estão sendo retiradas de áreas de risco.