Em menos de 5 anos de operação, a Cheirin Bão chegou a 800 unidades em funcionamento, ultrapassou a concorrência e se tornou a maior rede de franquias de cafeterias do Brasil.

A liderança no segmento foi consolidada em 2023, quando encerrou o ano com 539 unidades e um crescimento de 23,2% em relação aos 414 estabelecimentos da rede em 2022, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).

+McDonald’s reforça aposta em café com inaugurações, novo cardápio e loja ‘janelinha’

Para efeito de comparação, a empresa aparece no ranking da ABF das 50 maiores franqueadoras brasileiras pouco atrás da Kopenhagen, que fechou o ano passado com 672 lojas, mas com chocolate como carro-chefe. A Kopenhagen informa, em números mais recentes, possuir 689 lojas com cafeteria.

No mesmo ranking, apenas duas são do segmento exclusivo de cafeterias: a Cheirin Bão e a Casa de Bolos, que tinha ao final do ano passado 481 estabelecimentos.

O Rio de Janeiro e São Paulo são os estados com o maior número de unidades da rede, com 163. Minas Gerais aparece em seguida, com 51.

A história da Cheirin Bão

Fundada em 2016, a Cheirin Bão cresceu de forma acelerada através de um modelo montado para apressar seu escalonamento. As unidades requerem uma estrutura enxuta, com apenas um forno e uma máquina de café alugada. Já os produtos servidos são integralmente fornecidos pela franqueadora, assim como a publicidade.

Com apenas R$ 300 mil, é possível tornar-se um franqueado. Segundo Wilton Bezerra, CEO e co-fundador da empresa, o faturamento das lojas varia de R$ 40 mil a R$ 1 milhão a depender do ponto, com lucro líquido de cerca de 25%. “Quanto mais eu mantenho esse investimento baixo, maior a possibilidade de retorno de capital. Isso possibilita que esses franqueados se tornem multifranqueados”, afirma.

O resultado foi um faturamento de R$ 350 milhões em 2023. Este ano, a projeção informada pela empresa é de que a receita chegue a R$ 400 milhões.

Wilton Bezerra, CEO da Cheirin Bão (Crédito:Divulgação)

Para montar um modelo que fosse bem sucedido para o franqueado e assim crescesse mais rápido, os fundadores utilizaram suas raízes no sul de Minas Gerais e a experiência de ambos no setor de franchising. Wilton Bezerra veio da área estratégico-operacional de franquias, e outro fundador, Eduardo Schroeder, do administrativo-jurídico.

Ambos fundaram a holding Universal Franchising (UF), que antes da Cheirin Bão possuía duas empresas de estética (Depilesse e BeautyB), e hoje conta ainda com a rede de restaurantes Culinária Mineira.

Marca ainda desconhecida do grande público

A Cheirin Bão não possui uma marca tão conhecida como seu tamanho sugeriria. Isso é explicado em parte pela estratégia adotada nos primeiros anos, com pouco investimento em mídia.

“A gente inicialmente trabalhou muito em termos de posicionamento de lojas, crescendo marca, mostrando a marca através das lojas”, explica o CEO. “Mas agora a gente este ano, em 2024, entrou forte com mídia.”

A empresa investiu neste ano R$ 10 milhões em campanhas de publicidade para televisão e internet. O ator Jackson Antunes, da atual novela da Rede Globo Pantanal, foi escolhido como rosto da marca.

Ator Jackson Antunes em propaganda da Cheirin Bão (Crédito:Reprodução/Cheirin Bão)

Do plantio ao pó da máquina

O modelo da Cheirin Bão conseguiu cortar custos dos franqueados através de diferentes estratégias. Primeiramente, a holding possui um ecossistema para atuar em todas as etapas de produção do que é vendido ao cliente.

“Desde a produção lá na fazenda, o plantio do café, a industrialização dos produtos e a distribuição até chegarem nas lojas, todas as empresas são do grupo”, afirma Bezerra. “Não são parcerias. São empresas do grupo, CNPJs distintos obviamente, mas a UF é sócia em todas.”

As comidas congeladas para aquecimento na loja são o único alimento que conta com um parceiro produtor. Ainda assim, a distribuição fica por conta dos centros logísticos da UF.

“A gente faz a curadoria dos fornecedores, negociação de preço, compra esses produtos, armazena no operador logístico e entrega nas lojas”, resume Bezerra. “O frentista não precisa comprar nada localmente, tudo chega pra ele.”

O CEO destaca, porém, que mesmo as comidas produzidas por parceiros contam com receitas exclusivas. A rede lança dois cardápios por ano. A cada seis meses, entram cerca de vinte produtos para a lista de comidas e bebidas servidas nas cafeterias.

Outra estratégia para baratear os custos é o estabelecimento de um valor fixo de royalties de R$ 2,5 mil por mês. Já a máquina de café expresso é alugada por R$ 600 ao mês, com manutenções inclusas.

Além disso, o formato com apenas forno e cafeteira dispensa a contratação de mão de obra qualificada e espaço de dispensa ou cozinha.

Prato denominado Sessão da Tarde, tirado do cardápio Casa de Vó: um waffle com creme de avelã e morango, maçaricado.

No cardápio fixo, o CEO destaca os waffles de pão de queijo, os sanduíches do mesmo waffle e o café coado.

Planos de expansão

A rede prepara o início da comercialização de seus produtos no varejo digital, para enviá-los a lugares onde ainda não há lojas. A operação deve começar em setembro. Assim, espera aumentar a sua presença no país. Atualmente, mais de 300 unidades estão no Sudeste. Os recursos arrecadados com a venda do comércio pela internet serão destinados ao fundo de publicidade da empresa.

Também estão nos planos da Cheirin Bão as primeiras unidades franqueadas fora do país, a serem abertas por empresários e franqueadores master em Miami e Boston, cidades dos Estados Unidos com grande presença de brasileiros. A expectativa é que sejam inauguradas entre o final do ano e o começo de 2025.

Para o futuro, os mineiros não descartam levar a UF para a bolsa de valores brasileira. “É o objetivo de qualquer empresa que cresce. Eu não escondo que é um desejo futuro também”, diz Bezerra, que esclarece que o plano aguardará um bom momento no mercado de capitais. “A gente tem hoje processos de governança bem estabelecidos, de compliance, deixando a empresa pronta pra isso.”