23/12/2020 - 6:52
A China, grande consumidora de matérias-primas, busca competir com as grandes Bolsas mundiais na comercialização de commodities e acaba de lançar um contrato futuro no mercado de cobre, que registrou os preços mais elevados em oito anos.
A Shanghai International Energy Exchange (INE), divisão da maior Bolsa chinesa de commodities, lançou em 19 de novembro um contrato aberto aos investidores estrangeiros para a compra do metal, após vários testes, incluindo um derivado de petróleo em março de 2018.
Contratos de cobre já existiam na China, mas para negócios exclusivamente domésticos.
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“É uma etapa necessária para o crescimento contínuo da indústria chinesa do cobre”, afirmou a INE.
“Quanto maior a participação de mercado chinesa de uma determinada matéria-prima, mais capacidade a Bolsa de Xangai terá de atrair investidores estrangeiros”, afirma Philippe Sébille-Lopez, do instituto Geopolia.
Este é o caso do cobre, do qual a China, “fábrica do mundo”, consome metade da produção do planeta. A boa saúde econômica chinesa é um dos principais fatores do aumento do preço do metal a 8.000 dólares a tonelada no London Metal Exchange, o maior valor em oito anos.
Apesar da presença de grandes empresas, o volume de negócios no mercado de Xangai é bastante reduzido na comparação com a Bolsa de Londres.
A City domina historicamente os negócios. O London Metal Exchange (LME), criado em 1877, concentra a compra e venda de los principais metais não ferrosos utilizados na indústria: cobre, alumínio, níquel, chumbo, zinco.
O LME, filial desde 2012 da proprietária da Bolsa de Hong Kong, a Hong Kong Exchanges and Compensation (HKEX), apresenta vantagens técnicas importantes para resistir a um novo ‘player’ como uma rede de armazéns em todo o mundo, assim como uma liquidez e uma flexibilidade que só o tamanho pode oferecer.
No mercado londrino, “você pode comprar o cobre e receber em uma determinada data em função de suas necessidades ou das limitações de produção e transporte”, ao contrário do contrato chinês, explica à AFP Marc Bailey, diretor da empresa de negócios Sucfin.
Mas de maneira geral, “cada contrato novo é interessante, pois apresenta oportunidades de margem na comparação com outros mercados”, recorda Sébille-Lopez.
Até o momento, a Sucfin não abriu suas negociações na INE a seus clientes e se posiciona por conta própria.
Outro obstáculo para os investidores é que o contrato da INE é assinado em moeda local, o yuan, cujas flutuações são estabelecidas por Pequim.
Mas o lançamento deste tipo de contrato contribui para a lenta evolução da China na direção de uma conversibilidade mais livre de sua moeda.
Para controlar as colossais fugas de capital, Pequim monitora historicamente as negociações de divisas, com limites draconianos.
O preço do cobre geralmente é um bom indicador da saúde da economia mundial, o que rendeu o apelido de “Dr Copper” o Dr Cobre.
O metal é muito utilizado na indústria, em particular na produção de circuitos elétricos, que são utilizados na construção civil, no setor de automóveis ou eletrodomésticos.