Maior nação poluidora do mundo mantém níveis de emissões de dióxido de carbono estáveis ou em queda por 18 meses consecutivos, impulsionados pela alta da geração de energia solar e do uso de veículos elétricos.As emissões de CO2 na China permaneceram estáveis ou em queda pelo 18º mês consecutivo, segundo uma análise publicada nesta terça-feira (11/11) pela Carbon Brief, um portal de internet especializado em notícias sobre o clima. De acordo com o estudo, isso se deve a fatores como o aumento da geração de energia solar e ao crescimento contínuo do uso de veículos elétricos.

“Após os três primeiros trimestres do ano, as emissões de CO2 da China em 2025 estão agora em um delicado equilíbrio entre uma pequena queda ou um aumento, dependendo do que acontecer no último trimestre”, explicou Lauri Myllyvirta, analista-chefe do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, sediado em Helsinque.

A tendência, que começou em março de 2024, indica que as emissões de CO2 podem cair este ano, após aumentarem 0,8% no início do ano passado devido à recuperação pós-pandemia, segundo uma análise anterior do Carbon Brief.

Para 2025, porém, as perspectivas são um pouco mais animadoras. “Uma queda no total anual se tornou muito mais provável após setembro, quando foi registrada uma redução de aproximadamente 3% nas emissões em relação ao ano anterior”, disse Myllyvirta, que também é pesquisador sênior do Asia Society Policy Institute.

“Embora um aumento ou diminuição de emissões de 1% ou menos possa não fazer uma grande diferença em um sentido objetivo, isso tem um significado simbólico maior”, disse Myllyvirta. “Os formuladores de políticas da China deixaram espaço para que as emissões aumentem por mais alguns anos, deixando em aberto o momento do pico”, observou.

Demanda por plástico impede queda maior

A análise, baseada em dados oficiais chineses, surge no âmbito da Conferência da ONU sobre o Clima, a COP30, iniciada em Belém nesta segunda-feira.

As emissões do setor de energia, a principal fonte de CO2 da China, permaneceram estáveis no terceiro trimestre, apesar da forte demanda por eletricidade, disse o especialista. A estabilidade ocorreu porque o aumento das emissões do setor químico compensou as quedas ou estabilizações em outros setores.

O crescimento da indústria química impediu a queda das emissões totais. A produção de plástico cresceu 12% em relação ao ano anterior, entre janeiro e setembro, impulsionada pela crescente demanda interna por plásticos para entrega de alimentos e no comércio eletrônico.

A demanda e as emissões de petróleo cresceram 10%, à medida que aumentou a produção de plásticos e outros produtos químicos, constatou a análise. Ao mesmo tempo, as emissões do setor de transportes caíram 5%, com declínios também na produção de cimento e aço.

A geração de eletricidade a partir de energia solar aumentou 46%, enquanto a energia eólica cresceu 11% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Metas chinesas aquém do esperado

Em setembro, a China divulgou suas primeiras metas absolutas para a redução dos gases causadores do efeito estufa.

De acordo com o novo plano, a China reduzirá as emissões em toda a sua economia entre 7% e 10% até 2035, em relação ao ano do pico de emissões do país, estimado para 2025. Esse compromisso foi o primeiro da China em termos de reduzir emissões, embora a escala dos cortes tenha ficado aquém das expectativas.

Anteriormente, a China havia prometido atingir o pico de suas emissões de carbono antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060, embora jamais tenha estabelecido metas numéricas de curto prazo para a redução total das emissões.

rc (AFP, Reuters)